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Rainhas da Portela

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O ano de 2011 promete para os deficientes visuais. É esperado para o mês de julho o início da disponibilização do recurso da audiodescrição nas tevês abertas de todo o país. No campo da produção cinematográfica, só este ano já foram lançados dois DVDs com audiodescrição e sabe-se que já existem outros tantos quase saindo do forno. Há também a expectativa de novos festivais acessíveis, incluindo premiação para os melhores filmes audiodescritos. E para comemorar e cair literalmente na folia, teremos pela primeira vez o recurso da audiodescrição em dois dos carnavais mais famosos do Brasil. Em São Paulo a Fundação Dorina Nowill, em parceria com a Prefeitura de São Paulo e a SPTuris levará um grupo de 45 deficientes visuais e pessoas com baixa visão para acompanhar de perto os ensaios, a concentração e os desfiles de três tradicionais escolas de samba de São Paulo: a Rosas de Ouro, Mocidade Alegre e Camisa Verde e Branco. Já no Rio, na Marquês de Sapucaí, os deficientes visuais receberão um fone de ouvido por onde poderão ouvir a narração ao vivo do que acontece na avenida. É, mas que não se empolguem em demasia aqueles que pensam que tudo é Azul da Cor do Mar como o samba enredo da Portela. Infelizmente o fantasma das portarias prorrogativas tem insistido em dar as caras já fazem alguns carnavais. Na verdade, não fosse tanta prorrogação, já teríamos hoje, dia 5 de março, aproximadamente 33300 horas de programação audiodescrita na TV, uma vez que a portaria 310 de 27 de junho de 2006 previa o início da obrigatoriedade de 2 horas diárias a partir de 28/06/2008, número esse de horas, que aumentaria progressivamente segundo tabela editada na mesma portaria. Considerando que temos 9 canais de emissora abertas aqui em Minas Gerais, em 1º de julho de 2011, data prevista para o início do serviço (onde serão disponibilizadas míseras duas horas semanais), na verdade, já acumularíamos 39744 horas de audiodescrição. Como tudo teve início no ano de 2000 com a lei 10098, a Midiace traz na exposição fotográfica deste mês a audiodescrição que já poderia ter ocorrido desde então. Antes tarde do que nunca! Conheça as fantasias das rainhas da bateria da Portela, referente a alguns desses anos. E de presente para nosso público, convidamos a bela e talentosa Sheron Menezzes, rainha da bateria da Portela deste ano, para fazer a descrição de sua fantasia. Nossos agradecimentos especiais ao Viola da Portela e ao Sr. Fernando Araújo da Liesa por nos disponibilizar as fotografias.

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Entrevista

Ouça a entrevista:

Rodrigo: Olá Viviane! Viviane: Oi, tudo bom Rodrigo? Rodrigo: Tudo! Olá Paulo! Paulo Romeu: Olá Rodrigo, olá Viviane, tudo bem? Rodrigo: Então Viviane, eu gostaria que você falasse para nossos ouvintes sobre a iniciativa da Prefeitura de São Paulo, que juntamente com a SPTuris e a Fundação Dorina Nowill levará um grupo de 45 deficientes visuais para assistirem ao desfile das escolas de samba de São Paulo. Como surgiu este projeto? Viviane: Esse projeto surgiu no ano passado por iniciativa da FMU, que é uma universidade paulistana, e que já há algum tempo tem se interessado pela área da inclusão das pessoas com deficiência visual nos seus eventos. Então, um grupo de estudantes e uma professora de arquitetura desenvolveram esse projeto e o objetivo deste evento do carnaval era trazer esta comemoração brasileira, que é tão típica da nossa cultura, acessível para o deficiente visual. A Fundação Dorina ajudou a divulgar e evento e a selecionar 45 pessoas com deficiência visual interessadas em conhecer o carnaval de São Paulo. Foram três etapas: uma visita ao barracão das escolas de samba (participarão Rosas de Ouro, Mocidade Alegre e Camisa Verde e Branco). Depois, ainda esta semana, o grupo vai participar também de uma visita ao sambódromo do Anhembi para conhecer o espaço. Foram os estudantes de arquitetura da FMU fizeram algumas maquetes, mostrando como é o sambódromo, alguns carros de algumas escolas de samba e no final de semana eles vão de fato assistir aos desfiles com seus acompanhantes. Rodrigo: Muito bacana! E aí Paulo, é pra se comemorar ou não é? Paulo Romeu: Lógico, sem dúvida. Graças a Deus que a audiodescrição está crescendo cada vez mais. Eu ainda me lembro de 2006, quando nós só tínhamos o “Irmãos de Fé”, aí fomos brigar lá no Ministério das Comunicações com o Hélio Costa, com a ABERT e levamos audiodescritores a tiracolo para enfrentar toda essa turma e hoje nós já temos um monte de DVDs, um monte de filmes audiodescritos, teatro, ópera, em tudo quanto é lugar. Só falta mesmo a televisão, porque até o nosso carnaval já vai estar com audiodescrição. Parabéns aí Viviane! Viviane: Obrigada. Rodrigo Campos: Paulo, para aqueles que como eu acompanham diariamente o blog da audiodescrição, o blog sobre a audiodescrição mais badalado do Brasil, dão notícia também sobre uma iniciativa parecida no sambódromo mais famoso do país, a Marquês de Sapucaí. Para quem ainda não sabia, conta pra gente Paulo, mais detalhes desta notícia. Paulo Romeu: É super legal né! Porque o principal carnaval do país, aquele que as emissoras de televisão exportam para ser apresentado nas televisões de vários outros países, já vai ter audiodescrição na avenida, lá na Sapucaí. O que eu queria saber é: e para nós que queremos assistir o carnaval pela televisão, como é que a gente fica quando os locutores falarem “Nossa, que fantasia linda”, “Nossa, que carro alegórico maravilhoso”, como é que fica pra gente que não enxerga assistindo pela televisão? Vamos ficar só nesse maravilhoso? Bem que podia ter na televisão também, né! Rodrigo Campos: Viviane, para aqueles que desejarem se espelhar nessas iniciativas, quais são as dicas para se tornar o evento acessível, não somente para os deficientes visuais, como também para os portadores de outras deficiências? Viviane Sarraf: Primeiro: verificar o local onde vai acontecer o evento. Conferir se o local tem acessibilidade física para as pessoas que estão em cadeira de rodas ou com mobilidade reduzida. Se este acesso é facilitado; se a pessoa tem autonomia para chegar à platéia; para acessar o palco se for o caso; para circular naquele espaço livremente. Para as pessoas com deficiência auditiva, para os surdos, é necessário verificar: se for um filme, uma projeção, audiovisual; se tem legenda em português do conteúdo, para que o surdo possa acompanhar, ou se for um evento presencial, se você providenciou um intérprete de LIBRAS para fazer a tradução daquele conteúdo para a Língua Brasileira de Sinais. Para a pessoa com deficiência visual, a audiodescrição é fundamental porque os nossos produtos culturais são muito baseados ainda na visão. Por mais que seja um show, uma ópera, um espetáculo de natureza sonora, a parte visual é sempre muito importante. Você tem os figurinos, os cenários, as entradas e saídas do palco, de locação; então é muito importante a audiodescrição. Para as pessoas com deficiência intelectual, as alterações não são grandes, mas muitas vezes, parecem ser as mais difíceis. Então: simplificar os conteúdos, usar uma linguagem menos intelectual, uma linguagem menos especializada, fazendo com que a mensagem cultural chegue até este público de forma menos burocrática, de forma menos complicada para que todo mundo possa interagir. E fora isso, você pode também oferecer recursos para os outros sentidos para que realmente a pessoa esteja inserida neste campo cultural em que a gente ainda tem a predominância visual. Rodrigo Campos: Paulo, a gente estava falando sobre os motivos para se comemorar, mas o texto de abertura da exposição, nos apresenta alguns números que, à primeira vista, chocam. Esses números dizem respeito a quantidade de horas de audiodescrição na TV que já deveriam ter sido disponibilizadas caso não tivessem sido editadas tantas portarias prorrogativas. Pra você ter uma idéia, só aqui no estado de Minas Gerais, onde nós temos nove canais abertos de TV, esse número chegaria a aproximadamente 33700 horas de programação audiodescrita. Quer dizer, quem paga por este prejuízo? Que direito de acesso à informação é esse que disponibilizará apenas duas horas semanais do recurso para os deficientes visuais? Quais são as reais expectativas para o início das transmissões com audiodescrição na TV? Paulo Romeu: Olha Rodrigo, eu acho que você falou uma palavra chave. Quando você disse quem paga por este prejuízo, se referindo a nós, pessoas com deficiência, que há mais de dois anos estamos perdendo toda esta programação que já deveria ter sido audiodescrita. Por outro lado, as emissoras de televisão, o que elas dizem para o governo é “Quem vai pagar o meu custo para fazer esta audiodescrição?”, como se a acessibilidade fosse alguma coisa assim de assistência social, fosse alguma coisa que o governo tivesse que custear e não uma questão de responsabilidade social coorporativa. A estratégia das emissoras de televisão, pelo menos até 2008, quando deveria ter entrado no ar a audiodescrição e depois disso, até 2010 sempre foi essa de querer discutir com o governo “quem paga”. Até agora, a última portaria, que é a 188, do Ministério das Comunicações, diz que a partir de julho de 2010, nós temos que ter duas horas por semana de programação audiodescrita. Ou seja, nós somos 16 milhões de brasileiros com deficiência visual. O que as emissoras de TV estão dizendo é: “Eu não faço questão desses 16 milhões de expectadores. Para mim, se eles assistirem a minha programação, se eles assistirem aos comerciais que os meus anunciantes pagam (em determinados horários, mais de 300 mil reais por um comercial de 30 segundos), para mim já está bom, eu faço duas horas por semana para eles e acabou”. Não, nós queremos uma televisão 24 horas por dia acessível. Lógico, que não de uma vez; mas não com o cronograma estabelecido pelo ex-ministro Hélio Costa. O que a gente espera é que agora, o novo ministro Paulo Bernardo, seja uma pessoa mais sensível, seja uma pessoa (vamos dizer assim) menos técnica, que não veja apenas o lado técnico e comercial das emissoras de televisão, mas veja também o caráter social desta obrigação. A nossa luta vai ser para que se restabeleça o percentual exigido na portaria 310, lá em 2006. Ou seja, começa com duas horas por dia e depois de dez anos, chega a 100% da programação. Não queremos nada menos do que isso. É isso que já acontece para os surdos. Esse é o cronograma que vem sendo executado pelas emissoras de televisão, esse é o cronograma que foi mantido pelo Ministério das Comunicações para as legendas para as pessoas surdas. A gente não compreende por que para as pessoas cegas, a quantidade tenha que ser tão menor assim. É isso que a gente espera. Rodrigo Campos: Viviane, falando em audiodescrição, conta pra gente quando será realizado o próximo curso de formação de audiodescritores na Fundação Dorina Nowill? Viviane Sarraf: O ano passado a gente ofereceu um curso de introdução à audiodescrição. Agora nesse ano de 2011, a gente vai oferecer duas edições do curso de formação em audiodescrição para formar profissionais para realmente trabalharem na área, com ênfase em elaboração de roteiro. O primeiro vai ocorrer agora no mês de maio, todas as segundas-feiras de maio. E a segunda edição, vai ser o mesmo conteúdo, em julho. Provavelmente na primeira quinzena de julho, uma semana inteira. Este curso, ele vai ter a parte teórica e também a parte prática. Então várias lições de casa, para as pessoas poderem elaborar seus roteiros de audiodescrição e a gente poder acompanhar, orientar e avaliar; sempre com a participação de pessoas com deficiência visual, que são o público alvo deste tipo de benefício. Rodrigo Campos: Viviane, eu gostaria também que você deixasse seu contato para aqueles que buscam informações e consultoria a respeito da acessibilidade em museus, espaços culturais. Viviane Sarraf: Ok. Eu vou deixar para vocês o meu contato, o meu email que é vsarraf@gmail.com ou o meu contato da Fundação Dorina, que é onde vai acontecer o curso de audiodescrição, que é: vviane.sarraf@fundacaodorina.org.br. E todas as notícias sobre acessibilidade cultural, sobre audiodescrição e espetáculos, vocês podem encontrar no site RINAM, que é a rede de informação de acessibilidade em museus (www.rinam.com.br) Rodrigo Campos: Paulo, estão todos querendo saber. Como as pessoas poderão adquirir o livro “Audiodescrição – transformando imagens em Palavras”? Paulo Romeu: É, realmente nós temos recebido muitos contatos de gente pedindo o livro. Na verdade é o seguinte: o livro foi editado pela Secretaria da Pessoa com Deficiência do Governo do Estado de São Paulo e eles é que têm a versão impressa. Então ela deve ser solicitada na própria Secretaria (www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br). No site da Secretaria, se você entrar no link do Rui Bianchi, você vai ver que já tem lá uma versão digital do livro disponível. Esta versão digital também vai estar, muito em breve, disponível tanto no blog da audiodescrição quanto no blog da Lívia Motta, que foi quem me convidou para ajudá-la a organizar o livro, que é o www.vercompalavras.com.br Rodrigo Campos: Ok pessoal, muitíssimo obrigado pela participação de vocês. Eu não me canso de dizer que a Midiace está de portas, janelas, chaminé... enfim, de coração aberto para recebê-los e contem conosco sempre. Viviane: Obrigada pela oportunidade Rodrigo. E aproveito também para parabenizá-lo pelo seu artigo no livro da Lívia e do Paulo Romeu. Eu já tenho a minha edição, e é um livro muito legal e extremamente importante para nortear aí as ações de audiodescrição. Parabéns Paulo, e muito obrigada mais uma vez. Paulo Romeu: Obrigado Viviane. Obrigado Rodrigo. Obrigado pela divulgação do livro. Eu acho que ele é realmente muito importante. É o primeiro no Brasil a tratar do tema. Até hoje, eu não vou afirmar categoricamente, mas até hoje eu não encontrei em nenhum lugar do mundo qualquer informação de que já existisse um outro livro com o tema audiodescrição. Já existem livros onde têm artigos sobre a audiodescrição, mas um livro inteiro sobre o tema eu acho que é o primeiro no mundo. Muito obrigado a vocês pela entrevista. Viviane, parabéns também pelo teu trabalho e a você Rodrigo, parabéns por tudo que você tem feito pela audiodescrição no Brasil também. Rodrigo Campos: Ok, muito obrigado. Então é isso pessoal, mês que vem, quem visita nosso site é a fotógrafa Ju Panissa. Fiquem com a gente e até lá!