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Exposição
> O projecto SENTI(N)DO surgiu na continuidade dos anteriores projectos. No seguimento do trabalho realizado com esta população (pessoas com deficiência visual), onde se tem vindo a explorar os vários sentidos (audição, memória visual e tacto), o MEF propôs-se neste projecto trabalhar o sentido do olfacto. Tendo em conta que um cego procura "visualizar" através dos seus sentidos activos, considerámos interessante explorar as suas sensações olfactivas, representando-as em imagem. Assim, este projecto, teve por base a criação de imagens idealizadas a partir da apropriação de um cheiro. Em termos expositivos materializa-se em três elementos: o cheiro, a imagem fotográfica em alto-relevo e a sua audiodescrição. A exposição tem como base a instalação de imagens tácteis, existindo um espaço dedicado a cada autor, com a respectiva imagem em alto-relevo. Estas imagens são percepcionadas pelo tacto e pelo cheiro. À entrada de cada espaço expositivo, são distribuídas vendas às pessoas não cegas, com o objectivo de reforçar a ausência de referências a que está sujeito uma pessoa cega, transportando-as para essa realidade. Mais uma vez, pretendeu-se descrever imagens vivas através de imagens sensoriais, ou seja, procurou-se promover a descrição das imagens captadas com elementos característicos provenientes dos cinco sentidos. Este é um projecto que explora as possibilidade de visualização e compreensão de imagens através de outras capacidades cognitivas além da visão, que passam pelo tacto, pelo olfacto e pela audição. É dada às pessoas com deficiências visuais a oportunidade de participarem e "verem" uma exposição de fotografia, desmultiplicando os efeitos do projecto na elevação da auto-estima desta faixa populacional. A divulgação deste projecto, face ao público em geral, potencia uma percepção diferente da pessoa com deficiência visual, pela compreensão das reais capacidades e potencialidades destas pessoas. Movimento de Expressão Fotográfica Luís Rocha... Continuar Lendo →&p[url]=http://midiace.com.br/index.php/exposicao/senti-n-do/805&p[images][0]=http://midiace.com.br/publica/imgs/logo.png', 'redesocial', 'toolbar=0, status=0, width=650, height=450');">Facebook Twitter Google

Senti(n)do

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A ideia d’Os Projectos Fotográficos com pessoas cegas e de baixa visão partiu do fotógrafo Luís Rocha, representante do M.E.F. (Movimento de Expressão Fotográfica), que procurou dar resposta a questão de saber que percepção terá da fotografia uma pessoa que não vê ou que tem uma visão extremamente limitada? Assim sendo, foi estabelecido o contacto com a Associação Promotora do Emprego de Deficientes Visuais (A.P.E.D.V.), ideia essa que foi recebida com algum cepticismo. Não só membros desta Associação consideraram uma ideia "cínica", como acreditavam que, a ser realizado o curso de fotografia para pessoas com deficiências visuais extremas, dentro de "uma ou duas semanas" todos os participantes teriam desistido. Ora, o oposto sucedeu, desde Julho de 2003 é um projecto que se mantém. Na origem da ideia encontramos o conceito a este propósito: «o entusiasmo de poder "aumentar o real" até um ponto em que se torna perceptível - mesmo para uma pessoa de baixa visão em alto grau - aliou-se ao aliciante "conceptual" de produzir um objecto artístico cuja comunicação com o público se desse exactamente através do sentido que o seu autor menos domina - a visão. O resultado dos projectos realizados foi um empenho fortíssimo, uma atenção desmesurada e um quotidiano cheio de novas descobertas: <> O projecto SENTI(N)DO surgiu na continuidade dos anteriores projectos. No seguimento do trabalho realizado com esta população (pessoas com deficiência visual), onde se tem vindo a explorar os vários sentidos (audição, memória visual e tacto), o MEF propôs-se neste projecto trabalhar o sentido do olfacto. Tendo em conta que um cego procura "visualizar" através dos seus sentidos activos, considerámos interessante explorar as suas sensações olfactivas, representando-as em imagem. Assim, este projecto, teve por base a criação de imagens idealizadas a partir da apropriação de um cheiro. Em termos expositivos materializa-se em três elementos: o cheiro, a imagem fotográfica em alto-relevo e a sua audiodescrição. A exposição tem como base a instalação de imagens tácteis, existindo um espaço dedicado a cada autor, com a respectiva imagem em alto-relevo. Estas imagens são percepcionadas pelo tacto e pelo cheiro. À entrada de cada espaço expositivo, são distribuídas vendas às pessoas não cegas, com o objectivo de reforçar a ausência de referências a que está sujeito uma pessoa cega, transportando-as para essa realidade. Mais uma vez, pretendeu-se descrever imagens vivas através de imagens sensoriais, ou seja, procurou-se promover a descrição das imagens captadas com elementos característicos provenientes dos cinco sentidos. Este é um projecto que explora as possibilidade de visualização e compreensão de imagens através de outras capacidades cognitivas além da visão, que passam pelo tacto, pelo olfacto e pela audição. É dada às pessoas com deficiências visuais a oportunidade de participarem e "verem" uma exposição de fotografia, desmultiplicando os efeitos do projecto na elevação da auto-estima desta faixa populacional. A divulgação deste projecto, face ao público em geral, potencia uma percepção diferente da pessoa com deficiência visual, pela compreensão das reais capacidades e potencialidades destas pessoas. Movimento de Expressão Fotográfica Luís Rocha

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Entrevista

Ouça a entrevista:

Rodrigo Campos: Olá novamente, mês de maio começando e estréia hoje, direto de Portugal, a exposição “Senti(n)do”. Conversam com a gente, o fotógrafo Luís Rocha e a audiodescritora Anaísa Raquel. Olá Luís! Luís Rocha: Olá, olá, tudo bem? Rodrigo Campos: Tudo! Olá Anaísa! Anaísa Raquel: Olá Rodrigo, tudo bem? Rodrigo Campos: Tudo bem! Bom, antes de mais nada, eu gostaria de dizer que é uma honra recebê-los aqui em nosso site. Muito obrigado por terem aceitado nosso convite. Eu começo então falando com Anaísa. Anaísa, conta pra gente como surgiu esta parceria entre o MEF – Movimento de Expressão Fotográfica, que foi o idealizador do projeto e a Companhia de Atores, que foi a responsável pela audiodescrição das fotografias. Anaísa Raquel: Então, o que aconteceu foi: o MEF, já há alguns anos que é parceiro da Companhia de Actores (que é a companhia de teatro a qual o projeto audiodescrição.pt pertence) ... eles têm fotografado todos os Mitos e Entremitos que são mostras internacionais de teatro que a Companhia de Actores produz. E na altura em que estivemos a desenvolver o projeto de audiodescricao.pt eu pensei que a segunda fase do projeto seria, claro, audiodescrever uma exposição fotográfica do MEF. Portanto, comuniquei com eles e automaticamente criámos esta parceria, até porque esta segunda fase do projeto, seria quase que o primeiro trabalho profissional da equipe que nós criamos e claro que saiu daí a audiodescrição da exposição Senti(n)do que foi feita no final do ano de 2010 na Fábrica de Pólvora e foi muito importante para o nosso projeto termos feito esta parceria com o MEF. Rodrigo Campos: Luís, qual o alcance do projeto e a importância que ele teve para seus participantes? Luís Rocha: O que eu acho que é a importância do projeto para os alunos é não só a fotografia e não só a construção da imagem e da transcrição do seu mundo e da sua realidade. É também o fato de eles poderem fazer uma coisa que à partida não lhes estava ao alcance: que é produzir imagens onde eles podem mostrar aos amigos, aos colegas, aos familiares, os sítios por onde passaram e as coisas que fizeram e as atividades onde estiveram envolvidos e descobrir um novo mundo quer pra eles, quer pra eles em termos de inserção neste mundo, quer para mostrar as outras pessoas as coisas que eles têm feito. A imagem acaba por ter o mesmo sentido para as pessoas que vêem e para as pessoas que não vêem ou pessoas com baixa visão. A imagem é de fato um registro do acontecimento, um registro daquilo que nós temos estado a fazer ou dos sítios onde nós vamos e a imagem mostra aquilo que os alunos têm estado a fazer. No projeto anterior, o projeto antes do Senti(n)do nós fizemos “n” atividades, seja andar de barco, andar de cavalo, ir ver os aviões a subir no aeroporto e foi tudo transcrito em fotografia e mostrada aos outros. Eu acho que é mais uma valia para o aluno cego e de baixa visão poder fazer fotografia porque mostra um pouco do o seu mundo também aos outros. Rodrigo: Anaísa, aqui no Brasil estamos na expectativa do início da audiodescrição nas tvs, agora, a partir de primeiro de julho. Foi uma luta árdua até aqui, mas desta vez a coisa parece que realmente vai sair. E aí em Portugal, a quantas anda a Audiodescrição? Anaísa Raquel: Vocês aí estão muito mais desenvolvidos do que nós no que diz respeito ao recurso da audiodescrição. Aqui em Portugal a televisão pública, a RTP..., já tem alguns programas com o recurso da audiodescrição, só que aqui nós não utilizamos aquilo que vocês utilizam que é a tecla SAP, que é um recurso muito mais direto para os utilitários. Nós aqui, para ouvir a audiodescrição, temos que ouvir através de uma onda de rádio. Portanto, temos que ter na mesma sala a televisão e o rádio ligados para conseguir ouvir o recurso. Ainda não é o ideal, há muitos anos que as associações, nomeadamente a Acapo, andam em reuniões com os nossos ministérios. E não está a ser muito fácil também. O problema é que em Portugal a maior parte dos produtores e a maior parte dos criadores de cultura não percebem o porquê. Também, talvez porque na realidade não é 10% da população, sequer. Eles acham que não é assim tanta gente e que não vale assim tanto a pena. Mas as associações de cegos têm lutado bastante para introduzir o recurso. Eu da minha parte, da parte do projeto, nós temo-nos orientado muito mais para a vertente de espaços culturais, teatros, associações de dança, coreógrafos, encenadores… E temos tentado minar muito mais a cabeça dos fazedores de arte, do que propriamente das televisões e dos cinemas, porque acho que sendo eu atriz e pertencendo eu a uma companhia de teatro, se calhar é mais fácil começar por aí. Agora, ainda estamos um bocadinho atrasados, na verdade. Rodrigo Campos: Luís, voltando a falar da exposição, nessa etapa do projeto, o olfato foi o sentido escolhido para ser o norteador para a formação dessas imagens interiores. O projeto continua? Luís Rocha: Sim, no projeto Senti(n)do nós juntamos três variáveis que foi a imagem tátil, para ser tateada, juntamos a audição, a descrição da imagem que foi feita através do projeto audiodescrição.pt da Companhia de Atores, que era audiodescrita presencialmente, e foi através também do cheiro. Cada fotografia, era a fotografia de um objecto ou de um fruto, ou de um marisco. Cada objecto fotografado tinha um cheiro. Está juntamente à exposição um pote com o cheiro lá dentro, por esxemplo: a fotografia de chocolate tinha um chocolate, a fotografia do queijo tinha um queijo e por aí afora. Isso permitia haver logo uma referência da imagem que estava a ser tateada. Nós quando estamos a tactear um chocolate, sentindo o cheiro a chocolate, há aqui uma referencia. Nós neste momento vamos continuar a fazer o trabalho, mas ainda não temos o projecto delineado, o que é que virá a seguir. Mas a idéia é trabalhar sempre com o olfacto, é trabalhar sempre com os sentidos, com todos os sentidos, excepto o sentido da visão. Rodrigo Campos: Anaísa, a Companhia de Atores foi pioneira em formar um grupo de audiodescritores profissionais aí em Portugal, formação esta, inclusive, que contou com a participação da audiodescritora brasileira Graziela Pozzobon. Bom, depois do projeto Senti(n)do, vem novos projetos por aí? Anaísa Raquel: Na realidade a primeira vez que foi feita a exposição Senti(n)do foi no final de 2010. A partir daí , nós já fizemos a audiodescrição de um espetáculo de teatro, o “Bergantim”, que é um espetáculo da APEDV, em que metade dos atores eram cegos e metade dos atores eram não cegos, já fizemos a audiodescrição novamente da exposição Senti(n)do, mas inserida na semana da acesibilidade de um Colégio Particular que mostrou interesse em mostrar o que que é esta exposição e o que é que é este recurso e foi muito cativamente. Estávamos a trabalhar com os nossos futuros adultos. Também já estivemos há quinze dias atrás a audiodescrever um espetáculo de teatro de jovens de um projeto, que é o Ampliarte, da Companhia de Atores e que esteve no teatro d’A Barraca, em Lisboa e fizemos audiodescrição em todas as sessões e estava neste momento antes de entrar em entrevista contigo a enviar mais propostas para ver se ainda neste ano de 2011 ainda conseguimos audiodescrever pelo menos mais quatro ou cinco produtos. Deixa ver. Rodrigo Campos: Luis, uma das razões que o levou a criar o projeto Senti(n)do foi o fato de querer dar resposta a pergunta: Que percepção terá da fotografia uma pessoa que não vê ou que tem a visão extremamente limitada Bom, como esta é uma pergunta que nos fazem com freqüência, eu gostaria que você a respondesse para o público que nos acompanha. ? O projeto te possibilitou encontrar esta resposta? Luis Rocha: Penso que sim, foi mais para os alunos do que propriamente para mim. Mas daquilo que nos temos apercebido ao longo dos anos que temos feito estes projectos a agora culminando com o projecto Senti(n)do, é que o jogo com o tátil e com o cheiro, e com a própria audição quando nós estamos a fazer a fotografia, facilita a construção da imagem. A imagem é construída virtualmente na cabeça dos alunos e depois através do tátil conseguem ter a percepção da fotografia que fizeram e da fotografia que nós descrevemos oralmente. Também neste caso acaba sendo todo esse conjunto de referencias e a imagem construída acaba por ser passada para o papel e ser perceptível a partir desse momento. Rodrigo Campos: Ok pessoal, muito obrigado pela entrevista, foi um prazer enorme falar com vocês. Espero que este intercâmbio de trabalhos acessíveis seja uma constante e que consigamos com isto trazer ainda mais força a este movimento maravilhoso que é a inclusão. Parabéns a vocês pela iniciativa! Anaísa Raquel: Obrigada Rodrigo, eu queria agradecer a MIDIACE esta oportunidade. Para mim é muito importante fazer esta troca, ainda para mais com o Brasil, que é nosso país irmão. E desejo mesmo que um dia nos encontremos todos pessoalmente em muitos encontros de inclusão. Obrigada! Luis Rocha: Obrigado e também parabéns a vocês pelo vosso trabalho. Rodrigo Campos: Ficamos então por aqui e não percam no próximo mês, a exposição fotográfica que vem lá de Pernambuco... Aguardem!