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em 22/11/2012

Documentário sobre cegos brasileiros é lançado em DVD com audiodescrição

Marcelo Nigri, tendo ao fundo o cartaz do documentário Além da luz Marcelo Nigri, tendo ao fundo o cartaz do documentário Além da luz

Este mês de novembro acontece o tão esperado lançamento em DVD de um grande documentário brasileiro, o celebrado "Além da Luz". Selecionado para diversos festivais ao redor do mundo, dos quais conquistou prêmio especial no Festival de Cinema Brasileiro BRAPEQ na China e Palma de Ouro no Festival Internacional do México, o filme teve exibição especial na UNESCO, na ONU e no Senado Federal do Brasil. Mas o que leva um documentário sobre cegos brasileiros a ter tanto sucesso? Um dos segredos de "Além da Luz" é a sua acessibilidade. Em primeiro lugar, o filme não é um relato sobre limitações, muito menos uma experiência que nos fala através de tristeza, mas uma verdadeira injeção de otimismo e bom-humor que deixa o espectador se sentindo bem com a vida e até mesmo inspirado a fazer mais. "No filme temos sete cegos brasileiros nos mostrando que, com coragem e otimismo, conseguem levar uma vida normal e até mesmo mais produtiva que muitas pessoas ditas normais", afirma Marcelo Nigri, produtor do documentário. O filme também não se contenta em ser apenas sobre cegos, os agregando à audiência através de audiodescrição especial para que os deficientes visuais possam ser incluídos totalmente na experiência cinematográfica do documentário. "Seria hipocrisia de nossa parte fazermos um filme sobre cegos sem pensar em incluí-los em nossa audiência", afirma Nigri que, fluente em inglês, francês e espanhol, fez questão de contratar profissionais destas línguas (além do português, obviamente) para fazer audiodescrições com as quais o filme contou desde as exibições em festivais e agora fazem parte do DVD. O filme também conta com a música de dois gigantes brasileiros, Heitor Villa-Lobos e Aldo Baldin, ambos também focos de interesse do produtor. "Fizemos o curta-metragem 'Villa-Lobos por uma Soprano' e vamos transformá-lo em um longa", revela Nigri, "Mas só depois de terminarmos o documentário longa-metragem sobre Aldo Baldin, que já está em plena produção". É justo, portanto, mencionar que outro segredo de "Além da Luz" é o seu produtor. Originário do Rio de Janeiro, Marcelo Nigri veio do mundo da dança, tendo se formado na conceituada Escola de Dança Contemporânea Angel Vianna, trabalhado com o Ateliê Coreográfico do Rio de Janeiro, a Companhia de Dança Esther Weitzman e o Grupo Ribalta, tendo sido responsável por vários projetos dentro e fora destas organizações; tanto como dançarino quanto coreógrafo. Logo, o Brasil se tornou pequeno e Nigri foi aos Estados Unidos onde fez parte da lendária trupe de Merce Cunningham como dançarino e também produziu suas próprias coreografias. Só que a paixão pelo cinema falou mais alto e o dançarino e coreógrafo - que sempre utilizava a linguagem do cinema em suas obras - virou produtor, tarefa que já vinha executando desde o Brasil. Foi Nigri quem descobriu o documentarista Yves Goulart, diretor de "Além da Luz", tendo produzido todos os seus trabalhos. Em Nova York, Nigri já possui vários projetos em fase de pré-produção, produção, e pós-produção, todos com foco na cultura brasileira. "Sempre me pergunto por que as coisas negativas do Brasil são retratadas no cinema com tanta frequência", revela Nigri, "Não vemos isso na dança, na música, por exemplo, mas no nosso cinema isso é explícito demais. Talvez esse seja um dos motivos que me levaram a produzir filmes brasileiros aqui nos Estados Unidos". O Brasil agradece.

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