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em 06/07/2012

A AUDIODESCRIÇÍO VAI ÀS COMPRAS EM BH

Em viagem a Belo Horizonte para ministrar o curso: O USO DA AUDIODESCRIÇÍO NA ESCOLA, para professores do AEE (Atendimento Educacional Especializado) e para equipe do CAP ( Centro de Apoio Pedagógi Em viagem a Belo Horizonte para ministrar o curso: O USO DA AUDIODESCRIÇÍO NA ESCOLA, para professores do AEE (Atendimento Educacional Especializado) e para equipe do CAP ( Centro de Apoio Pedagógi

Elizabet é coordenadora do CAP, consultora em Educação Inclusiva, autora de livros e artigos sobre o tema, responsável pelo site Banco de Escola, pessoa envolvida na luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Participou do livroAUDIODESCRIÇÍO: TRANSFORMANDO IMAGENS EM PALAVRAS, com o depoimento intitulado A INCOMPLETUDE DO OLHAR, no qual ela fala sobre sua visita ao Museu Reina Sofia onde conheceu a obra de Picasso, participando da atividade Explora Guernica, mediada pela audiodescrição. Andamos proseando pelos corredores, observando os detalhes da decoração, as poltronas estilosas de couro bege com braços de madeira, instaladas sobre piso de tábuas largas de madeira escura, com uma mesinha redonda de tampo de vidro entre elas e, sobre ela, um vistoso vaso de orquídeas. Bet se divertia e se encantava pelos meus olhos atentos de audiodescritora. Embora esse fosse nosso primeiro encontro presencial, já parecíamos velhas conhecidas. E prosa vai e prosa vem, entre uma vitrine e outra, chegamos até a loja Le Lis Blanc, que coincidentemente começava naquele dia sua famosa liquidação de inverno com tentadores 50% de desconto. Já freguesa da filial paulistana, quis apresentar à Bet os artigos – roupas, acessórios, itens de decoração e a recém-lançada coleção de maquilagem. Fomos passando pelos corredores, pesquisando e buscando peças em araras e prateleiras, observando detalhadamente camisas brancas, listradas e estampadas, algumas com detalhes em tecidos diferentes, com bordados, botões e galões. Mostrei à Bet casacos de malha, vestidos, calças, batas e almofadas, e ia ressaltando cores, bordados e outros detalhes. Experimentamos várias peças, selecionamos algumas e finalmente decidimos quais iríamos comprar. A vendedora Núbia, muito atenciosa, corria para baixo e para cima, tentando atender nossos pedidos e de outras clientes, procurando tamanhos e cores. Núbia não havia percebido que Bet era cega e o que chamou a sua atenção foi a audiodescrição. Ela espantou-se ao me ouvir dizer que tal camisa era branca, com prespontos pretos, colarinho estampado com florzinhas pretas e amarelas. A descrição pormenorizada das roupas mostrou a ela que Bet ia conhecendo e completando as informações que recebia pelo tato pelos meus olhos. Contei, então, que eu era de São Paulo, mas que Bet era de Belo Horizonte e que seria sua mais nova cliente, pois tinha gostado demais da loja. E que Núbia pudesse atender Bet da mesma forma. Ou seja, tendo a preocupação de lhe apresentar não somente aquilo que ela estivesse procurando, mas mostrando outros modelos e opções, novidades, tendo o cuidado de descrever cores, detalhes e acrescentando a isso tudo informações importantes como combinações, acessórios e até – por que não? – o uso para determinadas ocasiões. Que Núbia pudesse atender Bet com audiodescrição… Isso nos leva a refletir sobre a necessidade de preparar lojistas, gerentes, vendedores, atendentes e demonstradores, para que possam vender, mostrar, atender às expectativas dos mais diversos públicos. Se uma pessoa cega vai às compras sozinha, em busca de determinados itens, a ação do vendedor será determinante para lhe mostrar aquilo que realmente procura, oferecendo oportunidades de escolha informada. Além disso, outro aspecto importante é divulgar os outros produtos disponíveis naquele local. Ao saber que a loja tem isso e aquilo, a pessoa pode manifestar o desejo de adquirir também mais isso e mais aquilo. E não é assim que acontece com quem enxerga? Quando nos apaixonamos perdidamente por determinada roupa, sapato ou bolsa que nem imaginávamos comprar ou que nem estávamos precisando naquele momento? Os famosos objetos do desejo feminino… E tem coisa melhor do que poder adquirir um objeto de desejo??? Por Lívia Motta – em julho de 2012.

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