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em 05/04/2013

A televisão deixará de exibir filmes audiodescritos?

Cena do filme Tropa de Elite 2 Cena do filme Tropa de Elite 2

O grande "pacotão" de filmes anunciado pela Globo em 2013 pode ser um dos últimos da história da emissora. Isso porque, de acordo com o colunista Flávio Ricco (UOL), a Globo pretende extinguir grande parte das sessões de cinema hoje existentes em sua grade. De acordo com o colunista da UOL, a avaliação da emissora é que "os filmes possuem um alto custo junto aos estúdios detentores dos direitos e, em contrapartida, não garantem alta audiência. Outro ponto é a popularização da Internet e das TV’s por assinatura, que facilitaram o acesso do grande público às produções mais badaladas de Hollywood". A matéria publicada na UOL afirma: "esses fatores devem levar a emissora a, gradativamente, diminuir o espaço hoje ocupado pelo cinema e a substituí-lo com produções próprias, mais baratas, e que possam despertar maior curiosidade do público. Com isso, faixas tradicionais como "Sessão da Tarde", "Supercine" e "Tela Quente", podem estar vivendo seus últimos dias na grade global". Mais tarde, em sua coluna no jornal Diário de São Paulo, o mesmo jornalista esclareceu que, em nota, a Central Globo de Comunicação negou a intenção de acabar com o "Temperatura Máxima", "Tela Quente", e outras sessões de filmes: "a Globo tem contrato de longo prazo com muitos dos maiores estúdios de cinema de Hollywood. E temos criado espaços exclusivos na grade para filmes nacionais, sempre com bons resultados". “Institutos de pesquisa de audiência divulgaram que, na última segunda (01/04), com o "Tropa de Elite 2", a emissora conquistou uma média de 22 pontos. "Este é o melhor desempenho no ano", explicou Ricco. As informações acima trazem a baila algumas questões interessantes e importantes para aqueles que acompanham os programas apresentados com audiodescrição pelas emissoras abertas de televisão. Em 2008, falando em nome da Abert, os radiodifusores defenderam que: - O "custo" da audiodescrição era fator limitante da quantidade de programas que poderiam oferecer com o recurso. No artigo citado acima, Flávio Ricco referencia o alto preço para aquisição dos direitos de transmissão das produções mais badaladas de Hollywood, que certamente tornam irrizório o investimento necessário para audiodescrevê-los. - Somente seria possível fazer audiodescrição em filmes. Expuseram vários motivos para tal afirmação: falta de profissionais qualificados, impossibilidade de audiodescrever programas ao vivo, dificuldades para incluir mais uma etapa na linha de produção da programação própria pré-gravada, etc. A falta de profissionais qualificados nunca foi um problema real, e hoje, quase dois anos após o início das transmissões de programas audiodescritos pelas emissoras, a relevância desse argumento certamente é menor. Nesse período foram realizados diversos cursos de formação de audiodescritores, centenas de filmes, peças de teatro e outros tipos de eventos foram audiodescritos. Portanto, se já existiam profissionais qualificados em 2008, a quantidade e experiência desses profissionais é hoje ainda maior. A impossibilidade de audiodescrever programas ao vivo foi outro argumento sem justificativa técnica, uma vez que artigos de audiodescritores brasileiros e estrangeiros afirmam ser possível e ainda dão diretrizes para a audiodescrição de programas em que não é possível a prévia elaboração de um roteiro. Além disso, a presença da audiodescrição em eventos ao vivo não televisivos tem sido prática bastante comum no Brasil e no exterior. Resta ainda o argumento de que a gravação de alguns programas é concluída poucas horas antes de irem para o ar, o que dificulta a possibilidade de que sejam audiodescritos. Independente da veracidade da notícia sobre a intenção da TV Globo acabar com os filmes em sua programação, e da assessoria de comunicação da emissora ter desmentido esse fato, basta ver a grade de programação das emissoras para constatar que há bastante tempo os filmes deixaram de ser exibidos nos horários de maior audiência. Obviamente não se pode esperar que grande parte dos interessados em acompanhar programas de televisão audiodescritos tenham disponibilidade para assistí-los em horários alternativos, visto que pessoas com deficiência ttambém trabalham, estudam, etc. Portanto, já que as TVs abertas começam a dar sinais de que vão jogar a toalha nesta briga com as TVs por assinatura na disputa pela audiência de filmes, as grandes redes nacionais de televisão aberta terão bastante tempo para fazerem novos estudos de "tempos e movimentos" em suas linhas de produção de programas próprios, de modo a não causarem prejuízos à acessibilidade dos expectadores com deficiência. Mas expectadores com deficiência também gostam de filmes e, caso eles deixem de ser apresentados nas TVs abertas, está aí uma ótima oportunidade de corrigir a falha no Decreto 5296, que obrigou as TVs abertas a audiodescreverem parte de seus programas, e isentou as TVs por assinatura de fazerem o mesmo!

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