Então é Natal! E não é preciso perguntar para esta turma da audiodescrição "O que você fez?". O ano termina e o balanço revela um estoque para lá de positivo: teve lançamento de livros sobre a audiodescrição, um monte de cursos, um monte de estudos que fizeram alguns novos mestres na área, um monte de festivais, mostras, exposições, um monte de Tela Quente, Temperatura Máxima e por aí vai. Do Oiapoque ao Chuí, do Congresso à Sapucaí, essa turma deu o que falar e provou que não foge à luta. E este mês, para fechar com chave de ouro as exposições deste ano, a gente reuniu essa turma, que para confraternizar, trouxe uma mensagem especial de Natal para você. O nosso muito obrigado a todos aqueles que nos ajudaram a colocar as exposições deste ano no ar.
Ouça a entrevista:
Rodrigo Campos: Olá a todos, última exposição do ano já no ar e para encerrar este ano cheio de conquistas para a audiodescrição, a gente trouxe para bater um papo, um camarada que é exemplo de superação, garra, bom humor e que é líder de audiência nas ondas do rádio de todo o Brasil, onde apresenta o programa “As Canções que você fez pra mim”. E aí, já descobriram quem é o nosso convidado de hoje? Ficou fácil né? Bom, a gente tem hoje, a honra de receber, o filho do Rei Roberto Carlos, Dudu Braga. Tudo bem Dudu? Dudu Braga: Poxa, obrigado pelo campeão de audiência nas ondas do rádio. Muito legal estar aqui com vocês hoje podendo bater um papo sobre audiodescrição, sobre inclusão, sobre quebra de barreiras, preconceito. É um prazer está com você. Rodrigo Campos: O prazer é nosso. Bom, o Dudu, além de radialista, produtor musical premiado e colunista de diversas revistas, está também na TV e apresentou durante este ano o programa Sentidos, que é um programa voltado para a inclusão social de pessoas com deficiência, e programa este, que contou justamente com o recurso da audiodescrição, que veio a ser disponibilizado na internet pelos nossos colegas da ATAV Brasil, de Fortaleza. Dudu, você é um cara ligado em tecnologias assistivas? Você acompanha de perto todos esses avanços? Dudu Braga: Eu acompanho sim. Eu acompanho e sou um cara ligado nas tecnologias: computadores, os telefones celulares, que são ferramentas imprescindíveis para a inclusão, principalmente das pessoas com deficiência visual. Claro que essas tecnologias têm um custo relativamente alto. A gente está brigando para que isso possa melhorar. Eu fiquei muito feliz esse ano justamente com a audiodescrição tomando um espaço bacana nos meios de comunicação. Para muitos de nós, deficientes visuais, a televisão era uma questão complexa. O deficiente visual sempre dependia. Ou ele tinha que ter um companheiro, uma companheira, para poder fazer a audiodescrição para ele. E hoje já temos a Rede Globo de segunda-feira e de domingo, com audiodescrição; bem como, o programa Sentidos, que disponibiliza, via Youtube, a versão com audiodescrição. Eu acho uma ferramenta imprescindível e graças a Deus chegou para ficar. Eu sempre falo que assistir filme europeu, que tudo se decide no olhar, para quem é deficiente visual, era uma loucura. Na hora do beijo a gente nunca sabia o que acontecia. Eu fiquei muito feliz com o espaço que a audiodescrição vem tomando. Essa ferramenta tem ajudado muito a nós, deficientes visuais. Rodrigo Campos: Então Dudu, como você bem falou, o ano de 2011 foi um ano de conquistas pra Audiodescrição no Brasil. Apesar do número de horas que vem sendo disponibilizado pelas TVs ainda ser pequeno, a portaria que exige a obrigatoriedade da disponibilização do recurso pelas emissoras, finalmente entrou em vigor e fora isto, tivemos várias outras conquistas como o lançamento do livro sobre audiodescrição, tivemos vários filmes, peças de teatro, eventos com audiodescrição, inclusive o carnaval, enfim... Você que tem autoridade para falar do assunto, pois é usuário direto do recurso, como você avalia a implementação da audiodescrição no Brasil? Dudu Braga: Como todas as empresas são feitas lentamente, como diria nossa querida e nosso ícone da inclusão, Dorina Nowill, as modificações acontecem de maneira lenta. Mas vem acontecendo! O carnaval foi muito legal com o recurso da audiodescrição. Eu tive uma experiência muito especial neste ano. Eu fui até Caruaru, no interior de Pernambuco, participar do “Maior Forró do Mundo”, como eles chamam lá, e eu tive a oportunidade de ir à feira de Caruaru. E acredite, tinha audiodescrição na feira de Caruaru. Lá tem uma associação de deficientes visuais muito legal, muito atuante. Eu sinceramente fiquei muito emocionado. Uma feira, no interior de Pernambuco, em Caruaru, uma cidade super gostosa, ver toda aquela cultura, artesanato... Ver é modo de falar, claro. Mas com a audiodescrição foi possível ver sim. Ficou muito legal mesmo. Na festa de forró tinha audiodescrição. Eu não estava esperando achar isso na feira de Caruaru, para ter esse contato mais de perto com aquilo que eles estavam mostrando, como eu falei, aquelas peças de barro, aquelas rendas... Poxa, foi sensacional! Eu acho que é um recurso que veio para ficar. Claro que as coisas acontecem devagar. Não vai ser em todos os lugares, nesse primeiro momento, mas eu acredito que daqui a algum tempo todos os lugares vão estar adaptados com esse recurso. Rodrigo Campos: Dudu, mudando de assunto, agora falando sobre o seu programa na rádio, “As canções que você fez pra mim”, líder de audiência em mais de 40 emissoras em todo o país, eu tenho uma pergunta que queria te fazer. No programa você apresenta, além de músicas, estórias exclusivas sobre seu pai. Bom, você que conhece na intimidade todas essas estórias, me mata uma curiosidade pessoal. Eu também sou ariano e faço aniversário na mesma data que seu pai, dia 19 de abril e nós arianos, temos um defeito que é a tendência de começar as coisas com muito entusiasmo, mas acabamos, muitas vezes, por não terminá-las. O Roberto Carlos também tem esse defeito, essa mania? Dudu Braga: Não, ele não tem. Meu pai nasceu no mesmo dia que você, ou seja, conviver com vocês não é fácil... (risos). É que uma das virtudes dos arianos é justamente a convicção no que eles fazem. Talvez possa até perder um pouco do entusiasmo no meio, mas eu acho isso natural de qualquer pessoa. Quando temos um projeto, a gente começa muito empolgado, tem aquele entusiasmo da ideia, da inspiração. Depois é muito suor e trabalho. Eu acho que tudo começa assim. Eu, sinceramente, funciono mais ou menos como você, Rodrigo, apesar de ser sargitariano. Mas nunca senti isto em meu pai. Ele é um cara muito convicto das coisas e não estou falando isso agora que ele tem cinquenta anos de carreira. Na verdade, eu tomei conhecimento do meu pai – o que ele era e que ele era artista (eu vou fazer 43 anos semana que vem) – a partir dos oito anos, que é quando se começa a ter uma ciência maior de quem é seu pai. Mas sempre senti nele um entusiasmo muito grande e uma forma de agir muito linear, desde o começo dos seus projetos, até o final. Tanto que o perfeccionismo é uma marca registrada dele. Ele mesmo fala isso. É uma marca de quem quer as coisas bem feitas. E vocês arianos, eu vou te falar viu... perfeccionismo a toda prova. Ele é um cara entusiasmado com a vida e com as coisas que ele faz. Eu não sinto ele flutuando nisso não. Rodrigo Campos: Bom, no programa você também interpreta algumas canções. Dá para dar um palhinha para gente daquela que seria a preferida do Dudu Braga? Dudu Braga: Olha, na verdade, não é que eu interpreto; eu estrago. Eu na verdade sou produtor musical, apesar de hoje não estar fazendo mais produções musicais. Na verdade, eu sou um baterista, que de vez em quando, quando estou entre alguns amigos eu até me arrisco e até canto um pouquinho. Até que não sou um péssimo cantor. Digamos que eu sou aquele bom cantor para karaokê. Mas eu posso até dar uma palhinha aqui, na brincadeira, apesar de eu estar meio resfriado. Tem uma música do meu pai que eu gosto muito. Das românticas que ele fez é a que eu mais gosto e que é mais ou menos assim: (cantando) Olha você tem todas as coisas Que um dia eu sonhei pra mim A cabeça cheia de problemas Não me importo, eu gosto mesmo assim E por aí vai né Rodrigão... Rodrigo Campos: Nossa, que lindo e que honra... Olha, Dudu, muito obrigado pela entrevista, foi uma honra enorme poder falar com você e eu então me despeço desejando a você e toda sua família, ainda mais sucesso, saúde e um Natal e Ano Novo repleto de alegrias, de realizações e de muita audiodescrição. Muito obrigado! Dudu Braga: Com certeza Rodrigo. Um beijo no coração a todos vocês. Obrigado pela oportunidade de estar com vocês falando sobre este assunto que é tão importante para nós, deficientes visuais. Um beijo no coração e um 2012 repleto e cheio de audiodescrições! Rodrigo Campos: Amém! Dudu Braga: Se Deus quiser. É isso aí! Obrigado Rodrigo. Fica com Deus. Rodrigo Campos: Com Deus também. Muito obrigado! Bom, antes de encerrar, deixa eu anunciar aqui o vencedor do sorteio do Kit de DVDs Cine Gibi Turma da Mônica, que foi autografado pelo próprio Maurício de Sousa e para quem leu a historinha acessibilidade, descobriu que quem não participa da história é o Chico Bento. Bom, o vencedor da promoção foi Miguel Siqueira Simeone, da cidade do Rio de Janeiro e que vai levar esse presentão para casa. Muito obrigado a todos pela participação e fiquem aguardando as novas promoções. Grande abraço a todos, boas festas, muita saúde e que ninguém se esqueça que o maior dos presentes é Jesus e o amor que ele veio ensinar para gente. Feliz Natal e um ano novo pleno de audiodescrição!