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Exposição
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Duplo Segredo

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Esta exposição, intitulada Duplo Segredo, é um convite à leitura para além das imagens e reticências disformes do artista belga René Magritte (Lessines, Bélgica, 1898 – Bruxelas, 1967). As obras surrealistas deste artista, inclusive a que nomeia esta amostra, demonstram o desejo dele em desvelar o enigmático, emancipar o homem, deixá-lo livre de relações psicológicas e culturais. O segredo do surrealismo está, então, na familiaridade e na intangibilidade de uma arte que instiga a atividade do leitor, convoca-o a construir o saber sobre si, o saber sobre o outro e o saber sobre mundo. Estes segredos simbolicamente desvelados nas e pelas imagens surrealistas, por vezes, estão inacessíveis a pessoa com deficiência visual. Por esta razão, com muito prazer e seguindo atentamente as diretrizes técnicas e éticas da áudio-descrição, traduzo quatorze obras magritteanas. Na construção do roteiro áudio-descritivo destas obras, Francisco Lima (limafj@associadosdaincclusao.com.br), consultor em áudio-descrição, trouxe valorosas orientações e contribuições, as quais foram pontuais ao primar pelo empoderamento da pessoa com deficiência visual e pela oferta de oportunidade de letramento cultural equiparada a experienciada por outros leitores sem deficiência. Construir e locucionar o roteiro áudio-descritivo destas obras foi um exercício de mergulho num trabalho de pesquisa o qual resultou no artigo “O surrealismo e a construção de imagens: contribuições da áudio-descrição para os alunos com deficiência visual”, publicado na revista eletrônica RBTV - Revista Brasileira de Tradução Visual (http://www.rbtv.associados dainclusao.com.br/index.php/principal). Fiquem, pois, com toda a reflexão, desautomatização, catarse suscitadas por esta pequena amostra de um acervo fantástico, o qual influenciou fortemente a gênese da arte brasileira. Espero que gostem de passear pelos pincéis magritteanos, pela arte em palavras, pelas palavras feitas imagens, pelas imagens-insubordinação! Fabiana Tavares (fabianatavares_letras@yahoo.com.br)

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  • O filho do homem
    O filho do homem

  • Feriado de Hagel
    Feriado de Hagel

  • O sedutor
    O sedutor

  • A memória
    A memória

  • Para não ser reproduzido
    Para não ser reproduzido

  • O princípio do prazer
    O princípio do prazer

  • A meditação
    A meditação

  • O retrato
    O retrato

  • O modelo vermelho
    O modelo vermelho

  • Invenção coletiva
    Invenção coletiva

  • O falso espelho
    O falso espelho

  • Os amantes
    Os amantes

  • Duplo segredo
    Duplo segredo

  • Ligações perigosas
    Ligações perigosas

Entrevista

Ouça a entrevista:

Aqui é Vânia Silveira e o meu oi carinhoso, a você, que acompanha nosso trabalho. O que para nós, Equipe da MIDIACE, é motivo de orgulho e satisfação. E hoje tenho a honra de conversar com Francisco José de Lima: Doutor em Psicofísica sensorial pela Universidade de São Paulo-USP, professor adjunto do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco-CE/UFPE, Coordenador do Centro de Estudos Inclusivos da Universidade Federal de Pernambuco-CEI/UFPE; e com Fabiana Tavares: Mestranda em Educação Inclusiva (UFPE). Aluna do III Curso de Tradução Visual com ênfase em Áudio-descrição “Imagens que Falam” (CEI/UFPE). Especialista em Literatura Infanto-Juvenil (FAFIRE). Graduada em Letras (FAINTVISA). Professora dos cursos de licenciatura em Pedagogia e Letras (Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão). Professora conteudista e executora do curso de licenciatura em Pedagogia (UFRPE- EaD). Professora da rede pública estadual de Pernambuco. Vânia: Olá, Fabiana, tudo bem? Fabiana Tavares: Olá Vânia, tudo bem! Vânia Silveira: Ressaltando que é uma alegria imensa tê-los conosco, fato que só engrandece a MIDIACE. Fabiana, as obras metafóricas de Magritte, que foi um dos ícones do movimento surrealista retratam na maioria das vezes, imagens insólitas, utiliza processos ilusionistas, enfim, são telas realmente difíceis, senão, um trabalho muito desafiador para se áudio-descrever. O que te levou a escolher suas obras e quais foram os desafios encontrados? Fabiana Tavares: Bom, Vânia, primeiro agradeço a oportunidade de falar um pouco sobre o que venho estudando, percebendo e construindo no campo da tradução visual. Muito obrigada pela oportunidade! Bem, quanto a sua pergunta, o que me move a aprender, estudar e discutir a áudio-descrição é a docência na perspectiva inclusivista. Os meus alunos são um estímulo para toda ação acadêmica, formativa que eu tenho vivenciado nestes últimos quatorze anos. Assim o desejo de áudio-descrever estas obras Magritteanas surgiu ao perceber que os alunos com deficiência visual, muitas vezes, estão em situação de desvantagem no processo de ensino- aprendizagem, principalmente quando nas aulas de arte e de literatura apresentam-se telas e a partir delas discute-se sobre o surrealismo e as contribuições dos movimentos de vanguarda para a construção de uma cultura nacional. Esta discussão está contemplada em um artigo intitulado “O Surrealismo e a construção de imagens: Contribuições da áudio-descrição para os alunos com deficiência visual”. Um texto publicado no volume 6 da RBTV (Revista Brasileira de Tradução Visual). Vânia, de fato áudio-descrever obras do artista René Magritte foi uma ação desafiadora porque a imagem surrealista é por natureza singular, de caráter insubordinado a tudo que é previsível, palpável, tradicional. São obras que buscam dar vazão ao inconsciente, ao lócus em que arquivamos o que na coletividade não é comum, aceitável, palatável. O maior desafio em realizar a tradução visual destas obras foi de buscar palavras que pudessem eliciar, na mente do usuário da áudio-descrição, a construção de imagens que assegurassem a mesma oportunidade de percepção, de interpretação vivenciada pelas pessoas sem deficiência visual, ou seja, a leitura de obras que ultrapassam a consciência cotidiana e utilizam o humor, a contra-lógica para criticar as convenções, o real. O aspecto que merece atenção no que se refere à áudio-descrição das obras é o empoderamento que elas permitem exercitar, por exemplo: a obra intitulada “Invenção Coletiva”, construída por Magritte no ano de 1934. Ao invés de simplesmente trazer a imagem peixe com perna de gente, as escolhas tradutórias visam que a pessoa sabendo o que é uma sereia perceberia que o surrealismo está na oposição da composição feita por Magritte e aí só conhecendo a obra, a tela e a A-D para construir esta imagem mental do que é esta criatura, metade peixe, metade gente na perspectiva surrealista. No percurso de construção do roteiro áudio-descritivo desta e de outras obras do artista belga, pude discutir com outros áudio-descritores sobre o roteiro. Fiz revisões e alterações valorosas a partir de observações efetivadas por eles e pelo consultor em áudio-descrição, o professor Francisco Lima. Então Vânia, a gente pode resumir este processo em quatro etapas. A primeira etapa: a seleção das imagens e a observação atenta de cada detalhe que as constituem. A segunda: o trabalho de pesquisa sobre a escola literária/artística surrealista e sobre o artista belga René Magritte. Uma etapa relevante para a construção das notas proêmias do roteiro áudio-descritivo. O terceiro momento: o momento de construção de roteiro esteado na objetividade, síntese, fidelidade, fidedignidade e vividez. E por fim, a revisão, discussão do roteiro, considerando contribuições de outros áudio-descritores e do consultor em áudio-descrição. Como você deve imaginar, áudio-descrever é um trabalho de ourives. Nas muitas idas e vindas ao texto imagético e ao texto da áudio-descrição, o objetivo de traduzir ética e cientificamente sempre é um desafio, Vânia. Vânia Silveira: Olá, professor Francisco, tudo bem? Francisco Lima: Olá, Vânia! É um prazer falar aí com os visitantes da MIDIACE. Vânia Silveira: Professor, as áudio-descrições que ilustram esta exposição, já foram publicadas na RBTV (Revista Brasileira de Tradução Visual). Para aqueles que ainda não conhecem a RBTV, eu gostaria que o senhor a apresentasse e deixasse o site para acesso. Francisco Lima: Bem, a RBTV, a Revista Brasileira de Tradução Visual, na verdade, surgiu de um desejo de dar a conhecer a áudio-descrição ao público leigo e ao público acadêmico, sempre como um recorte, de alguma forma, da pessoa com deficiência. Nós temos duas publicações em Libras, podemos publicar, portanto, em vídeo, o que significa que a Revista Brasileira de Tradução Visual está na internet e ela pode ser acessada gratuitamente pelo endereço: www.rbtv.associadosdainclusao.com.br . Para os usuários de leitores de tela, assim que se entra na revista, o logotipo ali apresentado tem a áudio-descrição, que é uma coisa que a gente, às vezes, não vê. A gente entra no site... Outro dia estava entrando num site de áudio-descrição nos Estados Unidos e estava lá: “logotipo do site”. Isso não é áudio-descrição, isso é rótulo. E aí então os usuários da áudio-descrição podem, ao fazer uso do leitor de tela, ouvir a áudio-descrição do logotipo. Eu convido os colegas a visitar e descobrir qual é esse logotipo. A Revista de Tradução Visual publica ainda relatos de experiências. O que acontece: muitas vezes as revistas acadêmicas, pelo linguajar, pela tecnicidade, afastam o público leigo. Afasta, às vezes, aquele professor, aquele usuário que quer e tem muito a dizer. Mas fica intimidado pelo registro linguístico, pela escrita. Então a seção “Relatos de Experiências” é aquele lugar em que professores e alunos, usuários, colegas, pais, mães, enfim, podem relatar suas experiências e partilhar com outros, aquilo que estão fazendo. Nós temos, por exemplo, um artigo belíssimo que é da mãe de uma garotinha cega contando de como essa garotinha começou a se envolver com o mundo das figuras, dos desenhos e como hoje ela se beneficia disso. No número seguinte, nós temos o relato da professora que começou esse trabalho com ela. Então são coisas bastante simples que qualquer mamãe, qualquer professor, etc, pode escrever. E aí há uma seção mais formal de artigos científicos. Nós temos aí pessoas de renome da áudio-descrição, como Joel Snyder e Eliana Franco. Na área do ensino de desenhos das pessoas cegas como a professora Batezart, enfim, uma série de pessoas que podem ser lidas na RBTV, gratuitamente. Por fim, há também uma seção em que nós denominamos “foto-descrição” que são descrições, na verdade, áudio-descrições, porque há uma diferença significativa, são áudio-descrições, ou postadas por alunos, por aficcionados da áudio-descrição, eventualmente por estudiosos também e a áudio-descrição da própria foto da capa. Então a revista... Cada um dos volumes tem uma fotografia, uma imagem e essa imagem vai ser áudio-descrita no corpo da revista. E assim por diante, há outras seções que eu convido a todos a visitar a Revista Brasileira de Tradução Visual. Vânia Silveira: Ok, professor! Fabiana, você concluiu recentemente um belíssimo artigo que fala sobre a importância da tradução intersemiótica para que se oferte as mesmas experiências formativas para as crianças com e sem deficiência, no intuito de colocá-las em equidade de oportunidades e direitos. O que diferencia os aspectos da tradução intersemiótica realizada para o público infanto-juvenil daquela realizada para o público adulto? Fabiana Tavares: É relevante enfatizarmos que, para atingir o escopo de tornar acessíveis os materiais visuais ou audiovisuais, o áudio-descritor precisa conhecer o público alvo do seu trabalho. No caso da áudio-descrição de obras infantis, ele deve estar ciente da finalidade e características gerais das obras, por exemplo: se nós tomarmos como ponto de partida o documento “Áudio-descrição para crianças”, documento este disponível na Revista Brasileira de Tradução Visual; teremos orientações pontuais para realizar a áudio-descrição de obras destinadas ao público infanto-juvenil. Este documento orienta que devido as particularidades das obras para o público infantil, além de respeitar as regras básicas da áudio-descrição, o áudio-descritor deve ter o cuidado de adequar a linguagem utilizando adjetivos, verbos, advérbios expressivos, observando, portanto, o léxico e as estruturas sintáticas do roteiro da áudio-descrição. Ele deve também preservar a trilha musical. Assim, caso seja necessário transmitir alguma informação, sobrepondo a áudio-descrição à música, deve-se fazê-lo após a primeira estrofe e usar preferencialmente os intervalos instrumentais ou trechos em que houver repetições. O áudio-descritor também deve perceber e respeitar os momentos em que o silêncio é constitutivo da obra. Ele precisa usar sempre que possível, palavras de sonorização interessante, de aliteração e de vocábulos que expressem ritmo. Por fim, este documento nos orienta a ficarmos atentos a quantidade de informações centrais à compreensão da imagem evitando assim a sobrecarga de detalhes. Enfim, os recursos utilizados na áudio-descrição para crianças devem atrair a atenção e a concentração delas. Deve proporcionar-lhes a possibilidade de brincar e aprender com a linguagem das imagens a partir da linguagem da áudio-descrição. Vânia Silveira: Professor, falando agora sobre outro aspecto da áudio-descrição. O senhor que é uma sumidade no assunto, esclareça pra gente uma dúvida que paira entre muitas pessoas, inclusive os próprios profissionais da áudio-descrição: afinal, “audiodescrição” se escreve áudio com acento, hífen, descrição ou audiodescrição, tudo junto sem acento? Francisco Lima: Eu sou um estudioso, gosto muito daquilo que faço e lá atrás, na década de oitenta, quando eu comecei a fazer tradução, minha primeira profissão foi na área de tradução. Nós aprendemos que a áudio-descrição parte de pressupostos que vão da própria palavra descrição, daí a idéia de descrever mesmo e a idéia de áudio. Só que, a áudio-descrição, são duas palavras que mantém na escrita e na fala a mesma construção fonética, morfológica, mas que passa a ter um conceito totalmente diferente, um conceito de tradução. E que tradução é essa? Lingual, de uma língua pra outra? Não. É uma tradução visual. Na tradução de línguas, a gente fala o seguinte: vamos pegar como se fosse do alemão para o português. A língua de partida é o alemão, a língua de chegada é o português. Na tradução visual, a língua de partida, que é uma linguagem, é a linguagem visual, a linguagem imagética. A língua de chegada é o áudio daquela primeira língua, ou seja, ela chega, a imagem chega em palavras. Na tradução lingual a imagem ou a língua tem que chegar com o mesmo sentido, a mesma qualidade e provocar no leitor do português, as impressões, as ideias, as relações que na língua de partida, que é o alemão, no nosso exemplo, dá ao leitor que lê em alemão. A áudio-descrição, então, para o usuário vai provocar na mente desse usuário, no cérebro dele, as mesmas imagens que chegam ao cérebro via olhos. Ao invés de chegar aos olhos do Francisco, que é cego, chega por intermédio dos ouvidos. Em última instância, o que processa as imagens não são os olhos, é o cérebro. O que processa a áudio-descrição, não são os ouvidos, é o cérebro. O cérebro, tanto cegos como videntes têm. Vamos resumir isto tudo pra você. Áudio-descrição não é a mera descrição falada. Ela pode vir em outros suportes. Eu dei um exemplo agora há pouco, que na Revista Brasileira de Tradução Visual, em que o logotipo da revista, tem embutida uma áudio-descrição, apenas ouvida para quem está com o leitor de telas. Quem está vendo, está vendo. Não há a necessidade de ouvir a áudio-descrição. Então, chega aos olhos do visitante da RBTV a imagem e aos ouvidos o áudio. A áudio-descrição, portanto, é a somatória de dois termos independentes cuja grafia e a fonética mantêm-se, mas tem um novo sentido. E esse sentido é mediado pelo empoderamento da pessoa com deficiência. Isto é, em dar à pessoa com deficiência as ferramentas, as condições para que ela possa sozinha, decidir, por exemplo, a respeito da estética de uma obra. Então, a áudio-descrição diferencia-se da descrição não pela mera oferta do áudio, mas ela se diferencia pelas técnicas tradutórias, entre elas, a principal, o empoderamento. Em suma, escreve-se com hífen porque, gramaticalmente, quando nós vamos verificar a nova ortografia brasileira e também a antiga (aliás, não é só brasileira, é da língua portuguesa, porque houve uma unificação), também a antiga vai se dizer o seguinte: quando tivermos dois elementos e esses elementos mantiverem prosódia (a pronúncia), a relação semântica iguais, construindo, compondo um novo termo, grafa-se com hífen. É a questão do guarda-chuva, por exemplo. Então, na verdade, vê-se que foram criadas, que antes não eram usadas com hífen e hoje é usado. Então existe a possibilidade, e eu vou até fazer este importante parêntese aqui, de se grafar sem o hífen. Em última instância então, vai ser uma escolha. A nossa, pelos fatos já apresentados, foi a escolha com hífen, porque se eu traduzir, se eu escrever áudio-descrição colocando áudio como prefixo como em audiovisual, audiovisual é sem hífen. Em última instância eu estaria dizendo algo parecido como descrição do áudio ou descrição falada. Não é nenhum dos casos, áudio-descrição para nós é a técnica de tradução que unindo elementos da descrição e elementos do áudio, a verbalização da descrição, leva ao empoderamento, dentro de regras que eu vou dizer aqui pra vocês, para nossos ouvintes numa expressãozinha: Três C mais EV, CCCEV, submete a áudio-descrição a esta expressão, vamos brincar esta expressão matemática, que é uma expressão áudio-descritiva, três C mais EV, aí então nós estamos falando de áudio-descrição com hífen. Vânia Silveira: E agora professor, fica aí o espaço caso o senhor queira fazer alguma observação a mais, deixar algum recado, fica a critério do senhor. Francisco Lima: Obrigado, Vânia! Agradeço a oportunidade da MIDIACE. É um prazer falar sobre áudio-descrição e discutir este tema. Isso pra mim é muito mais que uma ferramenta de lazer, de acesso à televisão, acesso à cultura: é acesso principalmente à educação e respeito à dignidade da pessoa humana com deficiência. Eu sou um tanto suspeito em dizer, porque além de formador em áudio-descrição, eu sou usuário dela. E talvez por isso eu seja tão rigoroso, tão exigente, porque a minha perspectiva é sempre a seguinte: se eu não formar bem os áudio-descritores, se eu não for exigente com eles, depois eu vou sofrer com o efeito desta má formação. Ou seja, eles vão fazer áudio-descrição e eu vou assistir ao filme e não vou entender. Eles vão fazer a áudio-descrição e meu filho vai fazer o exercício no livro e ele não vai acertar. Eles vão fazer a áudio-descrição e a minha afilhada vai estar no passeio e ela não vai usufruir como a coleguinha dela. Pra mim a áudio-descrição é clareza, concisão e correção, especificidade e vividez. Vânia Silveira: E você, tem um espaço agora Fabiana, caso você queira fazer alguma colocação, uma observação aqui o site da MIDIACE. Fabiana Tavares: Falar de áudio-descrição, de educação, de letramento cultural é sempre uma experiência ímpar. Obrigada a todos que fazem a MIDIACE, por pensar, construir e disponibilizar este espaço de aprendizagem e socialização. Obrigada pela oportunidade de poder socializar saberes e questões relacionadas à área da tradução visual. Por hora, concluo minhas contribuições propondo que compreendamos a áudio-descrição como um caminho contributivo para a informação e o letramento cultural, como um percurso valoroso para a vivência da catarse, do deleite, como uma ponte cujo ponto de partida e de chegada é a imagem, o respeito às idiossincrasias das pessoas com deficiência, a efetivação do direito à cultura, ao lazer e à educação; pois as imagens são permeadas por construções sócio-históricas e traz a perspectiva formativa de valores, de ideologias e de atitudes. A áudio-descrição é, portanto, uma técnica que oportuniza a efetivação de direitos. Assim sendo, ofertá-la é uma questão ética. Estudá-la, uma questão de compromisso com a auto-formação. Contribuir com a ampliação deste serviço é uma questão includente! Vânia Silveira: Ok! Muito obrigada a professora Fabiana, ao professor Francisco pela contribuição aqui no nosso site da MIDIACE, e fica aqui o recado que no mês de julho estaremos com uma nova exposição. Um abraço e até o próximo encontro.