Turma da Mônica

Entrevista

Ouça a entrevista:

Rodrigo Campos: Olá, exposição de novembro no ar, e hoje a MIDIACE traz um presentão pra criançada, um pouquinho atrasado na verdade, mas o presente é tão bom, que valeu a pena esperar. Eu converso hoje com um camarada que o Brasil inteiro respeita, admira e que é pai de uma turma queridíssima da garotada e que vem alegrando a infância de muita gente já há muitas gerações, das quais a minha tá incluída, porque eu também sou super fã desse cara. Saudações meu querido Maurício de Sousa, tudo bem? Maurício de Sousa: Oi, como vai? Tudo bem, tudo ótimo agora. Rodrigo Campos: Maurício, antes da gente falar do DVD, e a propósito pessoal, fiquem ligados porque no final da entrevista vai rolar uma promoção, eu tenho aqui uma pergunta de tiete pra te fazer. Bom, quem tem mais de 50 anos de carreira, tem muita história para contar e no seu caso então, literalmente, né? Tem alguma história que o público nunca conheceu, mas que te marcou profundamente? Algo sobre o qual você gostaria de ter respondido em uma entrevista, mas que nunca te perguntaram? Maurício de Sousa: Olha, meio difícil, porque eu tenho dado tanta entrevista, me perguntam tanta coisa, que eu acho que varri a minha história de criança a adulto em cinquenta anos de entrevistas, passando para repórteres e leitores. Eu não me lembraria agora. Se eu me esforçar um pouco, talvez eu possa buscar na infância algumas histórias que talvez sejam novas. Da infância mesmo, quando eu era molequinho, porque de alguma maneira, como todos dizem e eu concordo, é de zero a sete anos que você se forma como pessoa, como ser consciente e você aprende o que gosta e não gosta justamente nesta época. Eu preciso mergulhar um pouquinho mais na minha infância, falar com pessoas da minha idade ou pessoas da minha família com mais idade pra ir buscar alguma coisa e depois eu te falo. Hoje não. Rodrigo Campos: Combinado! Maurício, a pauta acessibilidade ganhou força nestes últimos anos e inclusive te levou a criar novos personagens como a Dorinha, que é cega, o Humberto, que é surdo, o Luca, que é cadeirante e o André que é autista. A gente sabe que a maioria dos seus personagens foram inspirados em pessoas próximas, tanto que, do seus dez filhos, nove inspiraram personagens. Responda uma curiosidade: o nome da personagem Dorinha, foi uma homenagem a Dorina Nowill? Maurício de Sousa: Totalmente. Quando eu pensei em criar um personagem cego ou de pouca visão eu fui buscar quem era notável com este tipo de problema e tinha enfrentado muito bem e superado essa dificuldade. E caiu de todo lado a informação da Dona Dorina, que naquele tempo, estava trabalhando maravilhosamente como diretora, como fundadora da fundação que leva o nome dela. Faleceu recentemente. Eu fiquei maravilhado quando conheci a Dona Dorina. Era melhor do que eu esperava porque ela levava uma vida super normal e ainda com luxos, tipo: ela que escolhia as roupas, gostava de dançar, de vida social. Era uma influência muito maravilhosa para as pessoas que chegavam ao instituto meio aperreadas, meio caídas. E adorei. Foi alusão a Dona Dorina e foi ótimo para criar um personagem tão vivo e tão forte quanto a Dorinha. Rodrigo Campos: Maurício, a Turma da Mônica, que já está presente em mais de 120 países e já fala 50 idiomas, não é sucesso a-toa e uma das razões desse sucesso é o fato dos personagens e histórias estarem sempre se adequando a seu tempo, não só no que diz respeito à linguagem, mas também no avançar da tecnologia. E um dos frutos dessa evolução tecnológica recente foi justamente a chegada dos recursos de acessibilidade como a AD e a Janela de Libras, que estão presentes no DVD Cine Gibi 5. Você acompanhou de perto todo esse processo? Maurício de Sousa: Eu acompanhei sim. Eu acompanho e insisto para que isso exista cada vez mais em nossos produtos, principalmente hoje, para os chamados audiovisuais e tenho mais coisa para fazer. Quero lançar, o quanto antes, mais livros ou revistas em braile. Eu quero usar mais tecnologia para chegarmos até o momento em que eu possa desenvolver um projeto antigo e passar para os cegos a formação de imagens dentro do cérebro. É um processo que estamos estudando também. Então eu estou buscando na tecnologia, na acessibilidade e até no aprendizado e na cultura, as formas de nós nos comunicarmos cada vez mais com pessoas, leitores e amigos nossos que têm algum tipo de dificuldade no entendimento, na visão, na consciência e assim por diante. Rodrigo Campos: Eu trouxe aqui um depoimento que a gente colheu numa sessão que foi realizada para um grupo de crianças com deficiência visual, na APAE de Pará de Minas e você precisava estar lá pra ver a alegria da criançada. Vamos ouvir? Maurício de Sousa: Vamos lá. Rodrigo Campos: Olá, eu estou aqui falando com a Maria Fernanda, de 11 anos, ela acabou de acompanhar com a gente a sessão aqui na APAE de Pará de Minas em que a gente viu alguns episódios do CineGibi5 e a Maria Fernanda vai falar pra gente o que ela achou desses episódios. Maria Fernanda, você achou que a audiodescrição ajudou a compreender as historinhas? Maria Fernanda: Então, é muito melhor com a audiodescrição porque dá para você imaginar o que tá acontecendo. Não precisa de ver pra saber o que está acontecendo. E fica tudo bem mais fácil de entender e de compreender a história. Rodrigo Campos: Tinha algum personagem que você ainda não conhecia, não sabia a descrição que a audiodescrição ajudou a perceber, a conhecer melhor? Maria Fernanda: Eu já conhecia todos, mas alguma coisa que eu não tinha percebido, na hora que ela falou, bateu e aí que eu percebi que era assim. Rodrigo Campos: E se você tivesse a oportunidade de mandar um recado pro Maurício de Sousa, o que você diria pra ele? Maria Fernanda: Eu diria pra ele continuar fazendo isso, porque é muito bom e ajuda. São recursos modernos que ajudam e que vão ajudar por muito mais tempo, eu acredito. Maurício de Sousa: Nossa, a Maria Fernanda é um anjinho, né? Que beleza! Gostei! E logicamente ela tem razão. Nós devemos continuar cada vez mais explorando essas possibilidades para que possa servir para a Maria Fernanda, para os amiguinhos dela que também têm algum tipo de problema; para que não haja problemas. Para que eles entendam as historinhas tal como elas nascem na nossa cabeça. Rodrigo Campos: Olha, eu fui testemunha do quanto a garotada curtiu os episódios e realmente isso só foi possível para eles porque o DVD continha o recurso da AD. E por falar no DVD, a Midiace vai sortear o DVD Cine Gibi 5, autografado pelo Maurício de Sousa - olha que preciosidade - e para participar do sorteio, basta responder a seguinte pergunta: No episódio “Acessibilidade”, que está disponível no portal da Turma da Mônica, qual dos quatro personagens não participa da história: O Anjinho, a Magali, o Chico Bento ou o Cascão. Envie a resposta para o email sorteio@midiace.com.br e fique torcendo para que seu nome seja o sorteado na entrevista da próxima exposição. Já imaginou hein, que presentão de Natal. Maurício de Sousa: Bem, muito obrigado então pela possibilidade e estamos às ordens aqui para conversarmos sobre esses assuntos e outros mais, quando você quiser. Rodrigo Campos: Ok, muito obrigado. Maurício de Sousa: Obrigado e até. Rodrigo Campos: E a você que nos acompanha, não é que o ano acabou? Mês que vem, encerrando as exposições deste ano, uma linda exposição de cartões de Natal. Esperamos receber o seu hein. Até lá...