Junho é mês de cinema em Fortaleza, com a realização do Cine Ceará - Festival Ibero-Americano de Cinema, que chega à 22º edição e acontece de 1 a 8 de junho. Assim como no ano passado, o evento acontece no palco principal do Theatro José de Alencar, que se transforma em sala de exibição. A seleção de filmes inclui trabalhos de países das Américas do Sul e Central e do Caribe, além de Espanha e Portugal. A programação segue o formato já conhecido do público, com as mostras competitivas de curtas e longas-metragens e mostras paralelas, distribuídas por diferentes salas da cidade. A mostra de longas traz filmes da Argentina, do Brasil, Chile, Equador, Espanha, Guatemala e México, que concorrem ao Troféu Mucuripe, em categorias como Melhor longa-metragem, Direção, Fotografia, Edição, Roteiro, Ator, Atriz, entre outras. O País é representado pelos títulos "Febre do rato" (ficção), de Cláudio Assis; "Futuro do pretérito: tropicalismo now" (documentário), de Francisco Cesar Filho e Ninho Moraes, e "Rânia" (ficção), de Roberta Marques. O melhor longa-metragem receberá um prêmio especial de dez mil dólares. O novo longa de Cláudio Assis será exibido no dia 7, às 19 horas, no Theatro José de Alencar, com a presença do diretor e dos atores Matheus Nachtergaele, Mariana Nunes, Maria Gladys e Tânia Granussi. A estreia nacional acontece no dia 22. O nome do filme é uma expressão popular do nordeste brasileiro, que significa um indivíduo fora de controle. É assim que Zizo, poeta inconformado e anarquista, chama seu tabloide, publicado às próprias custas. Às voltas com seu universo particular, ele se depara com Eneida, e todas suas convicções parecem ruir. Instaura-se o conflito entre o indivíduo e a coletividade. "Febre do rato" participou do Paulínia Festival de Cinema 2011 e conquistou oito prêmios, entre eles o de Melhor Ficção - Júri Oficial, Melhor Filme - Prêmio da Crítica e Melhor Trilha Sonora (Jorge Du Peixe). Destaque ainda para "Rânia", da diretora cearense Roberta Marques, que representa o Estado na disputa. O longa foi eleito melhor filme na mostra Novos Rumos, do Festival do Rio em 2011. Quem abre a programação é a ficção chilena "Violeta se Fue a los Cielos". O filme de Andrés Wood ("Machuca"), sobre a vida da cantora Violeta Parra, levou o Grande Prêmio do Júri Internacional no Sundance Film Festival 2012. "Essa talvez seja a seleção mais diversificada desses 22 anos do Cine Ceará", aponta Wolney Oliveira, diretor executivo do festival. "O único país com mais de um representante é o Brasil. Por sermos a sede do evento, recebemos mais inscrições", explica. "Mas eu destacaria, também, a presença feminina na direção, já que, dos nove selecionados, quatro são projetos comandados por mulheres, o que comprova a força delas na produção de títulos de qualidade", completa Wolney. Entre os curtas-metragens, a disputa é nacional. Dos 12 selecionados, São Paulo lidera a competição em número de títulos, com três, seguido por Rio de Janeiro, Ceará e Minas Gerais, com dois representantes cada. Também foram selecionados curtas dos estados de Pernambuco, do Rio Grande do Sul e do Espírito Santo. As produções concorrem ao competem pelo o Troféu Mucuripe nas seguintes categorias Melhor Curta-metragem, Direção, Roteiro e Prêmio da Crítica. Do Ceará, integram a mostra as ficções "Dizem que os cães veem coisas", de Guto Parente e "Querença", de Iziane Mascarenhas. Mostras paralelas A programação de mostras paralelas também está atraente. Uma das principais é "Lutas Sociais na América Latina", que oferece um recorte dos conflitos e temáticas sociais de países latinos. Segundo Oscar Ranzani, curador da mostra, em texto no site do festival, "um dos pontos centrais da mostra são as batalhas empreendidas pelos povos primitivos, cujas lutas têm passado de geração a geração". Somam-se ainda problemáticas como imigração e poluição ambiental. A lista inclui documentários como "É tudo verdade", de Orson Welles (França, 1993) e "Crônicas da grande serpente", de Darío Arcella (Argentina, 2010). Outro destaque é a Mostra Acessibilidade, por meio da qual, pela primeira vez, o Cine Ceará facilita o acesso ao cinema para pessoas com deficiência auditiva ou visual, com exibições especiais dotadas de legendagem e audiodescrição. Há ainda as mostras Homenagem a Lucy Barreto, "1º Filme a Gente Nunca Esquece" (direcionada a crianças de escolas públicas de Fortaleza, com filmes brasileiros de temática infantil), "Melhor Idade" (voltada a idosos) e "Olhar do Ceará" (com obras de realizadores do Estado não selecionadas para as mostras competitivas). Vale ressaltar ainda as Exibições Especiais, com quatro títulos - entre eles os novos longas de Rosemberg Cariry, "Cego Aderaldo - o cantador e o mito" (2012), sobre a história do artista cearense, e do produtor e roteirista Halder Gomes, "Cine Holliúdy", que encerra o Cine Ceará. Inspirado no premiado curta "O Astista Contra o Caba do Mal", o filme de Halder resgata o momento da chegada em massa da TV no interior do Ceará, na década de 70, quando colocou em xeque pequenas salas de cinema e a paixão do exibidor Francisgleydisson pela sétima arte. A lista inclui ainda animação "O herói iluminado" (livre adaptação do livro "Papai no trabalho", de Kelson Bravos), oriunda das oficinas realizadas com jovens na Casa Amarela Eusélio Oliveira, e "Juan de los muertos" (2011), de Alejandro Brugués, primeira ficção sobre zumbis produzida por Cuba e Espanha. Mais informações XXII Cine Ceará - de 1 a 8 de junho, no TJA. Gratuito (exceto cerimônias de abertura e encerramento, para convidados). Veja trechos dos filmes e mais conteúdo em cineceara.com ADRIANA MARTINS REPÓRTER