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em 17/09/2014

47ª Festival de Brasília do Cinema Brasileiro oferta audiodescrição e legenda para surdos em todos os filmes da mostra competitiva, além dos filmes de abertura e encerramento da festa

Banner do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro Banner do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

Encostada em um canto do Cine Brasília, uma estátua gigante do troféu Candango passa o tempo “olhando” para uma parede de tijolos vermelhos. Os dias de tédio do personagem mais famoso do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terminaram ontem, quando a peça saiu do ostracismo e foi recolocada com pompa na entrada do Cine Brasília para recepcionar a entrada dos convidados que participarão da cerimônia de abertura da 47ª edição do festival.

Depois de dois anos praticando uma mostra competitiva volumosa com divisão entre documentários e ficções (curtas e longas), o Festival de Brasília retorna ao seu formato original, com uma mostra competitiva enxuta e forjada na aposta do conteúdo de películas realizadas por cineastas reconhecidos pela ousadia. “A linha tênue entre documentário e ficção não tem pertinência como gênero cinematográfico, portanto, muitos filmes são colocados na condição de híbridos, o que corrobora com esta reunião numa única competitiva dividida apenas em longas e curtas-metragens”, explica Sara Rocha, coordenadora adjunta do festival. “Não fizemos distinção entre gêneros cinematográficos. Acreditamos que não cabe aos festivais segmentar. Os filmes foram escolhidos pela qualidade artística e de linguagem”, explica Sara.

A seleção deste ano, com seis longas e 12 curtas, enfatiza o trabalho de coletivos de cinema do Brasil com o exemplo capitaneado pelo ceilandense Branco sai. Preto fica, dirigido por Adirley Queirós e produzido pela CeiCine — o filme de Adirley também é concorrente da Mostra Brasília— e pelo coletivo Filmes de Plástico, localizado na cidade mineira de Contagem com Ela volta na quinta, dirigido por André Novais.

Competição acirrada

O cinema pernambucano está representando por dois longas: Brasil S/A, de Marcelo Pedroso, e Ventos de agosto, de Gabriel Mascaro. O filme de Mascaro recebeu menção honrosa do último Festival de Cinema de Locarno na Suíça. A Paraíba terá um representante com Pingo d’água, de Taciano Valério. Ainda na competitiva de longas, consta o documentário paulistano Sem pena, de Eugenio Puppo. As fitas de longa duração concorrem a um total em prêmios no valor de R$ 420 mil.

O estado campeão de indicações na competitiva de curtas é São Paulo, com cinco representantes (Estátua! Geru, La llamada, Bashar e B-flat). Sem coração, dirigido em parceria com Nara Normande e Tião (simplesmente), foi considerado o melhor curta-metragem na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, na França, e compete com o conterrâneo de Pernambuco Loja de reptéis, de Pedro Severien. O curta de Brasília, Crônicas de uma cidade inventada, dirigido por Luísa Caetano, estará concorrendo na competitiva principal e Mostra Brasília. Completam a seleção de produções que concorrerão a um total de R$ 130 mil o maranhense Nua por dentro do couro (direção de Lucas Sá)  e o mineiro Vento virado, de Leonardo Cata Preta.

Capilarização

Apesar de todos os flashes voltados para o Cine Brasília, a melhor notícia do ano foi a expansão do festival para outras cidades além do Plano Piloto. A mera exibição de filmes desprovida de debates foi corrigida nos espaços do Gama, de Sobradinho, de Ceilândia e de Taguatinga e agora os espectadores dessas cidades terão acesso não só aos filmes, mas também ao que seus realizadores dirão depois da exibição por meio de encontros, palestras e cursos.

“Procuramos integrar as populações de todas as cidades onde haverá o festival, inclusive com votação do júri popular. O critério técnico está sendo rigorosamente cuidado para que as exibições tenham o mesmo padrão do Plano Piloto”, comenta Sara.

Há alguns anos, um dos motivos para queixas de cineastas do DF era que as projeções da Mostra Brasília realizavam-se timidamente em espaços culturais menos nobres da cidade. Organizadas pela Câmara Legislativa, as exibições de produções da região ocuparão o Cine Brasília, no Plano Piloto, e tiveram as sessões igualmente distribuídas entre as outras cidades. “Muitas vezes, os filmes foram rodados nessas próprias cidades, e os participantes não tinham a chance de se ver na tela. Com a distribuição da Mostra Brasília, o público poderá ser ver representado no cinema”, acredita a coordenadora adjunta.

Uma antiga promessa feita pela Secretaria de Cultura parece que finalmente será realizada. O Cine Brasília deve inaugurar o projetor digital permanente da casa. O aparelho permite projeções feitas em todos os formatos digitais e terá como estreia nada menos que a exibição do clássico do cinema novo, Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha), em cerimônia restrita a convidados.

fonte: http://www.festbrasilia.com.br/

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