Para um público cada vez mais interessado em opções cinematográficas fora do circuito comercial, começa amanhã (10), e vai até o próximo dia 1º de dezembro, a 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. Serão exibidas, gratuitamente, 47 produções em 26 capitais, além do Distrito Federal. Em São Paulo, a sessão de abertura será no CineSesc e deverá ter a presença da ministra Maria do Rosário, chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Nas salas de apresentações, haverá acessibilidade para portadores de deficiência. Para garantir o acesso de deficientes visuais e auditivos, as sessões serão transmitidas com recursos técnicos como audiodescrição e closed caption (legenda oculta, sistema de transmissão por sinal de TV). Quem pensa tratar-se de uma programação recheada de reportagens e denúncias de violação dos direitos humanos “poderá se surpreender”, alerta o cineasta e curador da mostra, Francisco Cesar Filho. “A gente percebe, claramente, uma grande evolução nesses seis anos de evento e uma das características é a valorização da estética e da dramaturgia”, disse. O cineasta destacou que foram selecionados filmes novos de diretores conhecidos e autores consagrados do Brasil, Equador, da Bolívia, Venezuela, do Paraguai, Peru, da Argentina, do Chile, da Colômbia, do Uruguai e da Venezuela. Além disso, o festival permitirá reviver alguns clássicos como Central do Brasil (1998), de Walter Salles, protagonizado pela atriz Fernanda Montenegro, premiado no Festival de Berlim. Entre as obras clássicas estão ainda Bicho de Sete Cabeças (2001), de Laís Bodanzky, estrelado pelo ator Rodrigo Santoro, que aborda os maus tratos a pacientes de hospitais psiquiátricos, e a primeira produção cubana indicada ao Oscar como melhor filme estrangeiro, Morango e Chocolate (1994). Cesar filho informou que o prestígio da mostra tem crescido tanto que muitos diretores deixam para lançar seus novos trabalhos durante o festival. Quando teve início, há seis anos, para marcar o aniversário da Declaração dos Direitos Humanos, o evento ocorria em quatro cidades, hoje inclui mais 23 localidades. Para o cineasta, isso é explicado pela ascensão socioeconômica do país. “Há grande interesse do público em conhecer o trabalho audiovisual, filmes das mais diversas cinematografias e até a cultura e a sociedade latino-americanas, o que a gente não percebia há 30 anos”. Para se ter uma ideia do avanço no setor, informou o curador, há 20 anos o Brasil tinha 22 festivais nessa área, número que hoje chega a 240. Entre os filmes das pré-estreias está Quem se Importa, de Mara Mourão (autora de Doutores da Alegria, de 2005). Nessa obra, são apresentadas entrevistas, gravadas em diversos países, com 19 grandes nomes do empreendedorismo social, como o Prêmio Nobel da Paz, o bengali Muhammad Yunus, e o infectologista brasileiro Eugênio Scannavino Netto, eleito pela mídia internacional como um dos 21 pioneiros do século 21 por ter reduzido a mortalidade infantil em Santarém, no Norte do país. Outro longa-metragem brasileiro é Céu sem Eternidade, da premiada Eliane Caffé (de Kenoma-1998,Narradores de Javé – 2003 e Sol do Meio-Dia – 2009). O filme aborda as lutas e as expectativas das comunidades quilombolas de Alcântara, no Maranhão. O evento inclui E a Terra Se Fez Verbo, de Érika Bauer (de Dom Helder - O Santo Rebelde-2006), no qual são apresentadas situações envolvendo os conflitos fundiários de São Felix do Araguaia, em Mato Grosso. Toda a programação está no endereço eletrônico: www.cinedireitoshumanos.org.br. O evento, realizado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, foi produzido pela Cinemateca Brasileira, vinculada ao Ministério da Cultura, com o apoio da Petrobras.