A Câmara promove hoje ato em comemoração do Dia Internacional da Síndrome de Down. O evento será realizado das 14 às 18 horas, no auditório Nereu Ramos, e reunirá fonaudiólogos, fisioterapeutas e geneticistas para falar sobre o preconceito e o mercado de trabalho. O evento, solicitado pela liderança do PSB, vai discutir ações e programas de atendimento para pessoas com Síndrome de Down. Além do debate, uma exposição vai exibir telas pintadas por cinco artistas com Síndrome de Down: Melina Pedroso, Henrique Grochocki, Lucio Piantino, Susana Lyra e Tonico Araújo. Também haverá apresentações musicais e de dança. Confira a programação. De acordo com o deputado Romário (PSB-RJ), que propôs a homenagem, o objetivo é discutir a consolidação de mecanismos de inclusão social e de superação do preconceito contra pessoas com a anomalia genética. Pai de uma menina down, Ivy Bittencourt, que participará do evento, Romário adverte que o Brasil precisa avançar nas políticas de atendimento aos deficientes intelectuais. "Estamos dando visibilidade ao tema, como forma de apoiar famílias e disseminar boas iniciativas." Romário assinala que o Poder Público deve reproduzir modelos de excelência no atendimento aos deficientes, que hoje só são encontrados na iniciativa privada. Ele garante que, com assistência adequada, as famílias e os deficientes terão mais qualidade de vida. Assessor parlamentar Haverá um depoimento de Rodrigo Marinho de Noronha, primeiro down a ser assessor parlamentar da Câmara dos Deputados, há 8 anos. "Foi difícil. Eu sofri muitos preconceitos, mas falei para mim: Rodrigo, você é muito especial, acaba com esses preconceitos da vida. Aprendi muito mesmo. Hoje eu me sinto um vitorioso." Ele acrescentou: "Quero declarar para as pessoas que têm a Síndrome de Down, iguais a mim, que não desistam do futuro, continuem firme no seu potencial para irem à luta também!" Ele acabou por inspirar a Casa a contratar outras pessoas atendidas pela Apae do Distrito Federal. O convênio foi firmado em novembro de 2009 e envolve nove pessoas (1 professora e 8 alunos) que trabalham com a restauração e conservação de documentos no Centro de Documentação e Informação da Câmara. O evento reunirá também outros downs que obtiveram sucesso em suas carreiras e levam uma vida normal, a exemplo da primeira repórter down no mundo, Fernanda Honorato; e da ginasta olímpica Marianna Pagy, medalha de ouro nas Olimpíadas Especiais de Minnesota. Aplicação das leis Para a coordenadora de Saúde e Bem Estar da Apae do Distrito Federal, Cecília Amorim, eventos desse tipo são importantes porque levam o tema até a sociedade, fazendo com que as pessoas pensem sobre o assunto e mudem de atitude - o que é o principal, já que as proteções legais são suficientes. "Existem leis relacionadas à educação e ao trabalho que garantem o espaço deles. Então, em termos de lei, a gente já está muito bem. O problema são as barreiras sociais, as dificuldades das pessoas em conviver, enxergar as pessoas com Síndrome de Down, ou com outro tipo de deficiência, como pessoa e não como deficiência." O deputado Geraldo Resende (PMDB-MS), integrante da Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas com Deficiência, concorda que a legislação é boa. Para ele, o que falta é maior fiscalização, já que cerca de 15% da população brasileira têm algum tipo de deficiência. "É preciso que deputados e senadores cobrem a efetiva aplicação da lei. As entidades que representam esse grande contingente de pessoas devem ter aliados aqui no Congresso Nacional. É preciso cada vez mais avançar, inclusive para que a legislação seja de fato cumprida em todos os setores da vida." O relançamento da frente está previsto para 7 de abril. Na semana passada, a Câmara promoveu sessão solene para debater o tema.