Os 30 deficientes visuais dirigiram em velocidade de até 120km/h. Especialista diz que os cegos poderão dirigir veículos em 15 ou 20 anos Você já imaginou em andar em um veículo guiado por um cego? Se você pensa que isso ocorre apenas na ficção, como na novela América, da TV Globo, em que o deficiente visual Jatobá realiza o sonho de voltar a dirigir mas causa um acidente, precisa saber o que está acontecendo na Europa, na vida real. O Centro de Desenvolvimento da Ford em Merkenich, na Alemanha, responsável na marca por projetos de inclusão, mobilidade e sensibilidade ao volante, vem realizando uma pesquisa com um grupo de portadores de deficiência visual. O programa tem como objetivo obter informações de sensibilidade a sons e contribuir para que essa população tenha uma compreensão maior dos veículos e confiança, seja como pedestre ou como passageiro de um veículo em sua rotina diária. O projeto Direção para Pessoas Portadoras de Deficiência Visual é uma parceria entre a Ford da Alemanha e o Arcebispado de Colônia, com o apoio da Associação Federal de Instrutores de Direção e o Departamento de Polícia de Colônia, além de outras entidades. Como parte da pesquisa, um grupo de 30 pessoas cegas ou com forte deficiência visual se reuniu na pista de testes da Ford para uma experiência inédita: dirigir um automóvel. Com a orientação de instrutores profissionais, o grupo acelerou pelas retas e curvas do circuito, chegando a até 120 km/h. Os participantes tiveram ainda oportunidade de "tatear" vários veículos para sentir suas formas e dimensões. "É uma honra participar deste projeto que dá aos portadores de deficiência visual a oportunidade única de conhecer um carro e talvez, no futuro, com a ajuda da tecnologia, poder dirigir normalmente um veículo. Também tiramos lições valiosas dessa experiência", disse dr. Wolfgang Schneider, vice-presidente de Assuntos Legais, Governamentais e Ambientais da Ford Europa. "No meio do trânsito, as pessoas com deficiência visual se orientam pelos sons e é fácil confundirem o tamanho e a velocidade dos carros. Queremos ajudar a resolver esses problemas, trazendo esclarecimento e confiança para a sua mobilidade. Essa sensibilidade também pode contribuir no desevolvimento de veículos cada vez mais amigáveis para os portadores de deficiência." Test-drive Os instrutores ficaram impressionados com a dedicação e arrojo dos participantes no test-drive. Alguns deles dirigiram mais rápido do que aprendizes com visão normal. Com o desenvolvimento acelerado de novas tecnologias - como sistemas de segurança com câmeras, radares e comunicação entre veículos - a possibilidade de portadores de deficiência visual dirigirem se torna mais próxima. "A tecnologia está progredindo tão rápido que eles talvez possam experimentar uma grande liberdade na direção dentro de 15 ou 20 anos", completou Schneider. Voluntários A organização do evento contou com a ajuda de 53 empregados da Ford. Voluntários portadores de deficiência visual se inscreveram para participar da experiência. Lushe Grabanica, de 28 anos, se inscreveu para participar do evento no Facebook e ficou empolgado com a oportunidade. "Dirigir um carro significa liberdade. Normalmente, eu sento no banco do passageiro, o que também é uma experiência agradável. Mas dirigir o carro é muito melhor. Depois deste evento, minha confiança nos motoristas aumentou".