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em 04/04/2011

Incoerência e retrocesso

Incoerência e retrocesso Incoerência e retrocesso

A educação de surdos, em diversos países, não vai nada bem! O nosso país não é exceção, até porque não vai nada bem também no quesito "educação geral". Mas, segundo educadores e especialistas daqui e de fora, visto a apreciação feita no último Congresso Internacional de Surdos, acontecido no Rio, em 2010, promovido pelo INES, o Brasil vem dando sinais importantes de valorização do surdo, reconhecendo oficialmente sua língua — Libras, criando a Lei da Acessibilidade e incentivando a formação de professores surdos através do curso Letras Libras, de EAD, coordenado pela Universidade Federal de Santa Catarina. O resultado positivo de todas essas iniciativas pode ser medido quantitativamente. O número de cursos de libras aumentou significativamente em todo o país; o surdo tem hoje acesso à televisão com programas legendados; e, no início deste ano, assistimos à graduação de mais de 300 surdos de diversas regiões do Brasil, agora professores formados. Mas o resultado mais importante é imensurável, pois está diretamente relacionado ao sentimento que cada surdo tem ao ver sua língua respeitada; a ligar a TV e poder assistir a um filme ou noticiário com legenda; e, finalmente, subir num palco de uma universidade para receber seu diploma. Esse ganho é qualitativo e está relacionado à autoestima. Isso entendido, agora vemos o Governo federal, através do MEC, acenar com um possível fechamento do Instituto Nacional de Educação de Surdos — INES, casa do surdo, referência nacional. Não dá para entender essa atitude, depois de tudo que foi feito muito recentemente em favor do surdo brasileiro! Vai tudo bem no INES? Não! Precisa melhorar a qualidade do ensino, e, possivelmente, inúmeras outras questões correlatas? Com certeza! E isso é a grande preocupação e desafio de seus atuais dirigentes, conscientes que são de sua responsabilidade. Então, a solução é o fechamento do INES ou dar continuidade aos investientos? É direcionar as crianças surdas para escolas regulares, onde vão permanecer "incluídas", ou investir em tecnologia de ponta e capacitação de professores? E quebrar uma das melhores políticas já realizadas no país em favor da educação de surdos, o estímulo à formação de professores surdos, ou voltar o foco para a hipocrisia da educação inclusiva para o surdo? A inclusão do surdo em escolas regulares só é aceitável para, talvez, 5% de surdos que têm acesso a um programa precoce e efetivo de reabilitação e recursos tecnológicos. A imensa maioria seria condenada a frequentar um ambiente escolar desfavorável, onde o aprendizado verdadeiro seria o de menos-valia! Antes de sair acabando com as escolas especiais, usando como fundamento o discurso da inclusão para todos, O Governo deveria avaliá-las e estabelecer metas para seu apoio. Isso sim, para não corrermos o risco de retroceder mais uma vez.

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