O Programa Cão-Guia é destinado ao desenvolvimento de tecnologia assistiva e ao fornecimento de ajuda técnica à pessoa com deficiência visual. Na manhã de quarta-feira, 20 de abril, aconteceram, no Palácio dos Bandeirantes, a Cerimônia de Assinatura do Decreto que cria o "Programa Cão-Guia" e o anúncio da construção do Centro de Referência do Cão-Guia. O evento aconteceu a apenas uma semana de se comemorar o Dia Internacional do Cão Guia, celebrado anualmente na última quarta-feira do mês de abril. A cerimônia contou com a presença de convidados e autoridades, como a Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Doutora Linamara Rizzo Battistella; o Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; os representantes do consulado da Índia e México no Brasil; a deputada estadual, Célia Leão; e o Professor Doutor José Antônio Visintin, representando a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, parceria do Programa. Também presentes representantes de importantes instituições que prestam atendimento a pessoas cegas, como Adermir Ramos da Silva Filho, presidente da Fundação Dorina Nowill, e Mara Siaulys, presidente da Associação Laramara. O objetivo do Programa é a implementação do Centro de Referência para o Cão-Guia com parceria entre a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com deficiência e a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. O Centro de Referência será construído em um prédio totalmente sustentável, dentro da própria Universidade de São Paulo - USP. O valor da obra está orçado em R$ 2,5 milhões. Além da criação e treinamento de cães-guia para pessoas com deficiência visual, o programa definirá os parâmetros em relação ao uso do cão-guia e os métodos de treinamento. A Secretária Doutora Linamara Rizzo Battistella explicou a importância de projetos como esse. "A questão do cão-guia se coloca na interface da pessoa humana como um elemento importante da acessibilidade. Significa independência, capacidade de autonomia e de comando que a pessoa com deficiência visual deve ter. Esse projeto tem significado modelo e referência para se multiplicar dentro das organizações não governamentais e dentro de outras estruturas públicas". Doutora Linamara ressalta a importância de ter a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP como parceira do projeto. "Não poderíamos escolher um parceiro mais adequado, estamos formando veterinários com essa nova visão. Estamos dando finalmente ao cão um atendimento sanitário que deve ser cuidadoso e totalmente diferenciado do cão amigo, do cão pet. Portanto, estamos criando uma especialização dentro da Veterinária. Estamos criando uma nova dimensão de ajudas técnicas". Doutora Linamara destacou, ainda, que a ideia original nasceu a partir da sensibilidade da Primeira-dama do Estado de São Paulo, Lú Alckmin. "Ainda quando ela era esposa do então vice-governador de São Paulo, ela cogitou a possibilidade de implementação de programa voltado ao cão-guia. Essa ação de hoje, portanto, devemos muito à sensibilidade da Primeira-dama", afirma a Secretária. O Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, fez uma relação entre a história mitológica de Homero e Ulisses e o cão como o melhor amigo do homem, "aqui foi bem lembrado o quanto o cão é amigo do homem. Na odisséia de Homero ele diz que Ulisses durante dez anos guerreou contra Troia e depois passou muitos anos perdido no Mediterrâneo. Quando voltou a sua terra natal, quem primeiro o reconheceu foi Argos, o seu cão. Depois disso, após reconhecer Ulisses, o cão morre. Então, o cão é realmente um grande amigo do homem e agora o cão-guia é mais importante ainda". Logo após, o Governador explica como será o trâmite para as pessoas conseguirem um cão-guia. "Nós temos 145 mil pessoas cegas no Estado de São Paulo e mais de 2 milhões com alguma deficiência visual. Esse Centro vai unir a Faculdade de Medicina Veterinária da USP e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Nós já temos os canis que vão doar os filhotes da raça labrador, que é um cão dócil, amoroso, inteligente e bonito, e são esses filhotes que vão para casa das pessoas cegas". O governador destacou, ainda, que, a Associação Laramara vai ajudar no trabalho de verificação dos casos que devem receber o cãozinho. Ele (o cão-guia) vai ter um acompanhamento durante vários meses por veterinários e técnicos da USP e depois haverá o treinamento para que ele possa ser o cão-guia e dar mais liberdade as pessoas para ir e vir com segurança com tranqüilidade". Após o treinamento, os cães habilitados serão encaminhados às pessoas com deficiência visual, que também serão previamente selecionadas e treinadas no Centro de Referência. Todo o processo será gratuito, para a família e a pessoa com deficiência visual.