A preocupação com acessibilidade se torna cada vez mais importante no momento de se pensar um novo empreendimento. O novo auditório do Centro Cultural da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Coart/Uerj) está sendo construído de acordo com essa proposta. Ali, tanto cadeirantes podem transitar livremente pelas rampas que lhe dão acesso, quanto os deficientes visuais podem acompanhar os filmes por meio de uma aparelhagem multimídia, que conta com o recurso da audiodescrição – as imagens e ações são descritas oralmente, de forma simultânea ao som original. Há ainda assentos adaptados para pessoas obesas e para cadeiras de rodas. "Outra novidade é que o auditório será o primeiro de uso público no estado com tecnologia de tradução simultânea de idiomas. Nossa expectativa é intensificar a organização de congressos e seminários com a presença de pesquisadores de fora", adianta a pesquisadora Aureanice de Mello Corrêa, coordenadora da Coart. O novo auditório, com 73 lugares disponíveis ao público, foi todo equipado com recursos do edital de Apoio às Universidades Estaduais, da FAPERJ. Apesar de ficar pronto em meados de dezembro, Aureanice conta que inauguração está sendo prevista para o início do próximo ano letivo, em março de 2012. "Queremos inaugurar o auditório com uma mostra dos filmes do diretor espanhol Pedro Almodóvar. Nossa ideia é pegar o gancho das polêmicas envolvendo sexualidade, religião e preconceito para realizarmos um grande seminário sobre esses temas, com a participação de pesquisadores do Brasil e também do exterior", relata. A pesquisadora ressalta que a Coart/Uerj está alinhada a essa perspectiva de acessibilidade, que, para ela, significa principalmente inclusão. "O Departamento Cultural da Sub-Reitoria de Extensão e Cultura da Uerj, ao qual se vincula a Coart, pretende promover a inclusão social e econômica por meio da arte e da cultura", afirma. É nesse sentido que a Coart estimula diversos projetos artísticos e culturais que tanto são destinados ao público interno quanto externo da universidade. Entre as atividades oferecidas, destacam-se oficinas de artesanato, espaços de leitura, apresentações musicais e teatrais, aulas de fotografia, de dança, de pintura, entre outros. "Todas essas atividades de alguma forma procuram garantir a valorização do indivíduo, que, ao participar, passa a ter uma atitude mais positiva diante das adversidades de sua vida e, com essa maior sociabilização, adquire mais recursos para recuperar sua autoestima", aposta. Após o seminário, de acordo com a pesquisadora, a proposta é que os filmes fiquem no acervo da Midiateca, Arte e Cultura para quem quiser revê-los. "Igualmente com recursos da FAPERJ, a midiateca foi criada em 2009 e também funciona no espaço da Coart/Uerj. É composta por uma sala de exibição com capacidade para 30 lugares e ainda conta com cinco computadores de última geração para que os filmes e documentários do acervo possam ser assistidos individualmente ou em dupla", explica Aureanice. Acessibilidade é lei No Brasil, o tema da acessibilidade ficou mais perceptível, a partir de dezembro de 2000 quando foi promulgada a Lei 10.098, popularmente, conhecida como Lei da Acessibilidade que, desde então, vem sendo discutida, aperfeiçoada e implementada nos espaços públicos e privados. Aureanice ressalta que a Coart/Uerj está alinhada a essa perspectiva. "O Departamento Cultural da Sub-Reitoria de Extensão e Cultura da Uerj, ao qual se vincula a Coart, tem como objetivo promover a inclusão social e econômica, por meio da arte e da cultura", afirma. Dados disponibilizados pelo Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão conta da existência de mais de 34 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência. Um numeroso grupo de pessoas que, na maioria das vezes, sofre com a falta de acesso à cultura, entretenimento e lazer. Garantir o acesso desses portadores de necessidades especiais – surdos, cegos e usuários de cadeiras de rodas – a lugares públicos e privados, meios de transporte, entretenimento e cultura faz parte da ideia de inclusão social, e é cada vez mais necessário. "Essa realidade explica a necessidade de investirmos cada vez mais em propostas como a da Coart/Uerj", finaliza Aureanice.