Pipoca Acessível vai exibir um filme brasileiro por mês para deficientes visuais e público em geral
A imaginação vai muito além do que os olhos podem ver. É com essa premissa que a Sociedade Cultural Amigos do Centro Braille de Blumenau abre as portas para um novo projeto a partir desta quinta-feira: o Pipoca Acessível, que tem como objetivo oportunizar a pessoas cegas o acesso integral a grandes obras do cinema brasileiro.
Todo mês, um filme será exibido gratuitamente no Cine Teatro Edith Gaertner da Fundação Cultural por meio da audiodescrição — recurso de tecnologia assistiva que possibilita aos deficientes visuais as mesmas condições de “enxergar” o que as outras pessoas enxergam. Cenas, acontecimentos e detalhes que não podem ser compreendidos sem a visão são descritas por um narrador junto aos diálogos do elenco.
Com Lázaro Ramos, Leandra Leal e Luana Piovani, o longa O Homem que Copiavaabre a programação às 19h desta quinta. Segundo Eliane Luchini, presidente do Centro Braille, títulos famosos como Olga, Lula – O Filho do Brasil, A Mulher Invisível eHoje Eu Quero Voltar Sozinho fazem parte do acervo doado pelo projeto Cinema Petrobras em Movimento. A ideia é que todo o tipo de público participe das sessões. Quem quiser viver a experiência de assistir a um filme sem usar os olhos terá vendas especiais à disposição:
— Nossa meta é motivar e efetivar a audiodescrição tanto na Fundação Cultural, que já promove projetos especiais para cegos, como também em outros espaços culturais da cidade — explica Yara Luana Ionen, vice-presidente do Centro Braille.
Para ela, que há cerca de 20 anos sofre de baixa visão — um nível intermediário entre a visão normal e a cegueira —, o Pipoca Acessível chega no momento em que as pessoas precisam estar cientes da importância da inclusão social:
— Ser cego não é só andar de bengala ou ter cão-guia. A gente quer lazer, cultura e queremos isso em conjunto com o resto da comunidade. A inclusão está nisso — comenta.
Além do projeto de cinema, a instituição tem investido em passeios ciclísticos e visitas museológicas.
— Queremos sempre possibilitar o acesso desse público a nossas ações culturais. Além de termos instalado audioguias e roteiros táteis no Museu da Família Colonial, organizamos cursos de braille e visitações guiadas para promover esse tipo de acessibilidade — garante o presidente da Fundação Cultural, Sylvio Zimmermann Neto.
Fonte: Jornal de Santa Catarina