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em 22/03/2011

Rio-pretense ajuda a criar técnica pioneira contra cegueira

Rio-pretense ajuda a criar técnica pioneira contra cegueira Rio-pretense ajuda a criar técnica pioneira contra cegueira

Oftalmologista Rubens Siqueira aplica na retina células-tronco extraídas da medula A comunidade científica mundial reconheceu o Brasil como o primeiro País a desenvolver pesquisa utilizando células-tronco no controle da retinose pigmentar - doença genética que causa a perda gradual da função retiniana, provocando cegueira irreversível. A pesquisa é coordenada pelo oftalmologista Rubens Siqueira, de Rio Preto, juntamente a pesquisadores da USP de Ribeirão Preto. De acordo com o especialista, o tratamento consiste na aplicação de células-tronco extraídas da medula óssea dos próprios pacientes diretamente na retina. O reconhecimento veio por meio da publicação da pesquisa na revista científica americana Retina, que trata somente de estudos relacionados à oftalmologia. Por meio da publicação, o experimento brasileiro será de conhecimento de toda a classe médica mundial. Durante dois anos, cinco pacientes que sofrem da doença foram acompanhados. “Precisávamos ter certeza dos riscos do tratamento, então escolhemos cinco pacientes com visão muito baixa para, caso houvesse algum dano, não fossem tão prejudicados”, explica Siqueira. Hoje, segundo o médico, o diagnóstico da retinose pigmentar é traumatizante. “A doença é dramática para o paciente e os familiares. Eu tenho diversos pacientes que estão com 20 anos, fazendo faculdade, e descobriram que têm retinose. O paciente entra em depressão e os familiares também.” A expectativa com o tratamento com células-tronco é conseguir uma alternativa para quem sofre da doença. “Se conseguirmos impedir o avanço da retinose já será uma vitória, porque nem disso somos capazes hoje”, diz Siqueira. Primeira paciente a receber o tratamento experimental, Fernanda Fernandes, 24 anos, de Birigui, foi diagnosticada aos 7 anos. “Eu já enxergava muito pouco quando descobriram. Escrevia com canetinhas de desenho, com letra grande, usava óculos, mas não tinha um diagnóstico. Hoje tenho menos de 5% da visão”. Psicóloga, ela passou por tratamentos com vitaminas e remédios e agora tem esperança de ajudar outras pessoas que sofrem da mesma doença. “Tenho percepção de luz e vulto apenas, então não tenho esperança de voltar enxergar, mas participar do tratamento renovou não só a minha esperança em uma cura futura, mas também para todos que sofrem da doença.” O advogado de Ribeirão Preto Rodrigo Franco de Toledo, 36, tem cerca de 10% da visão e também participou da pesquisa. “Fui diagnosticado com 5 anos. Passei a sentir necessidade de um tratamento mais vanguardista e fui para a USP em Ribeirão”. Abrindo caminhos Segundo Siqueira, os americanos devem começar, ainda este ano, pesquisas com células-tronco voltadas para a oftalmologia. “A proposta deles é polêmica porque utilizam células-tronco embrionárias. A comunidade científica tem ainda receio de utilizá-las porque a formação de tumores após seu uso é muito frequente.” Ele espera ainda conseguir mais facilmente a liberação de uma pesquisa utilizando células-tronco para tratar cegueira causada pela diabete. Equipe inicia nova pesquisa Em abril, a equipe rio-pretense, em parceria com a USP de Ribeirão Preto, inicia uma nova pesquisa com células-tronco. Dessa vez, a doença a ser tratada será a degeneração macular relacionada à idade, que atinge pessoas com mais de 50 anos. “Ela é uma das quatro maiores causas de cegueira, no mundo. Atinge a área central da retina, chamada macula, que é uma área principal e causa uma baixa significativa da visão”, explica o oftalmologista integrante do grupo de pesquisadores, Rubens Siqueira. Essa doença, assim como a retinose pigmentar, possui uma tendência genética. “Ela atinge, geralmente, pessoas do grupo caucasiano (descendentes de europeus), que têm pele e olhos mais claros. Além de filhos ou netos de casais que são primos de primeiro ou segundo graus”, diz o médico. A degeneração macular se manifesta de duas formas: na mais comum, que atinge 90% dos pacientes, a pessoa perde as células da retina; outros 10% dos doentes sofrem um sangramento na retina, para o qual existe tratamento. “Para os que perdem as células, não existe forma de reposição, portanto eles perdem a visão”, afirma Siqueira. Nessa primeira etapa da pesquisa, que deve começar na primeira semana de abril e ter duração de seis meses a um ano, 10 pacientes se submeterão às injeções de células-tronco. “Se percebermos que o tratamento está funcionando, já solicitaremos autorização para recrutar mais pacientes.”

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