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em 07/12/2012

Empolgados, alunos do Instituto Paranaense de Cegos assistem filme com audiodescrição

Empolgados, alunos do Instituto Paranaense de Cegos assistem filme com audiodescrição Empolgados, alunos do Instituto Paranaense de Cegos assistem filme com audiodescrição

Com muita empolgação, 30 alunos do Instituto Paranaense de Cegos assistiram a dois documentários sobre cidadania nesta quinta-feira (6), na Cinemateca, pelo sistema de audiodescrição, recurso que apresenta narrativas da história, dos personagens e da disposição das imagens. O evento faz parte da programação da 7ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. Os alunos assistiram aos documentários Extremos, de João Freire (Brasil, 24 min., 2011, doc.) e À Margem da Imagem, de Evaldo Mocarzel (Brasil, 72 min., 2003, doc.). A carioca Nazilete da Silva, 56 anos, deficiente visual desde os 30, em consequência de um acidente vascular cerebral, lembra do último filme que assistiu quando ainda enxergava Ghost, uma produção norte-americana. A sessão desta quinta-feira foi a segunda que assistiu depois que perdeu a visão. A primeira foi em 2011, também na Cinemateca. Para ela já é normal essa mistura de sons que pode parecer estranha aos ouvidos e aos olhos de quem tem a visão plena. Nazilete consegue chegar a uma boa compreensão da história, ainda que as narrativas sejam muitas vezes sobrepostas por causa da velocidade das imagens. No final da sessão, debateu o conteúdo político dos dois documentários que assistiu com seu namorado José Maria Sereno, também deficiente visual e companheiro de instituto, onde mora há mais de dez anos. Nazilete veio do Rio de Janeiro e o namorado, de Marília, interior de São Paulo. Ambos optaram por Curitiba por causa da infraestrutura que a cidade oferece em termos de acessibilidade. Para eles, em Curitiba o transporte público é mais acessível. Eles observam ainda que em relação às suas respectivas cidades, há em Curitiba um número maior de guias rebaixadas e pisos táteis, principalmente nas áreas mais centrais da cidade. "Além dessa preocupação da cidade com os cegos, aqui as pessoas são mais cordiais e estão sempre dispostas a nos ajudar", comenta Nazilete, que também conta com o serviço de transporte especial ofertado pela Prefeitura de Curitiba para levá-la até um hospital, três vezes por semana, para sessões de hemodiálise. Por causa do diabetes ela perdeu a visão e teve que readaptar totalmente sua vida, a começar pela troca de casa. Vilma Callegari, 47 anos, morava em São José dos Pinhais, Região Metropolitana da Curitiba, e há 7 anos mudou-se para Curitiba para morar no Instituto Paranaense dos Cegos. Vilma conta que durante 40 anos, quando ainda enxergava, nunca havia ido ao cinema. "Só via filmes pela televisão. Depois que perdi a visão esta é a segunda vez que venho ao cinema e eu gostei muito da experiência", afirma. Vilma conta que já acostumou seus ouvidos a ouvir vários sons ao mesmo tempo, aprendendo a separar e visualizar as coisas por meio da audição. Na opinião dela, filmes do circuito comercial também poderiam ser exibidos com essa técnica da audiodescrição. "Assim nós que somos cegos poderíamos vir mais ao cinema e assistir a outros tipos de filmes". Documentários - O filme À Margem da Imagem traz um painel sobre as rotinas de sobrevivência, o estilo de vida e a cultura dos moradores de rua de São Paulo, abordando temas como exclusão social, desemprego, alcoolismo, loucura, religiosidade, degradação urbana, identidade e cidadania. O filme também trabalha a questão do roubo da imagem dessas comunidades, promovendo, assim, uma discussão ética dos processos de estetização da miséria. O documentário Extremos apresenta a Vila Estrutural, comunidade situada no Distrito Federal, os moradores não têm seus direitos básicos garantidos, e lá não existem condições para mudar a situação. Como contraponto, é apresentado o bairro de Santo Amaro, em Recife, que no passado recente enfrentou problemas semelhantes e conseguiu transformar esse quadro graças à parceria entre sociedade e poder público. Mostra - - A coordenadora local da mostra na Cinemateca, Isabela Pagliosa, afirma que as produções de filmes com o recurso da audiodescrição são uma forma de inclusão do deficiente visual na mostra, que tem como foco a reflexão sobre os direitos humanos na América do Sul. "O material é produzido com esses recursos para permitir aos deficientes visuais uma melhor compreensão do filme", disse ela. A mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que vai até este sábado (8), é promovida pelo Ministério da Cultura, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e Cinemateca Brasileira, com o patrocínio da Petrobras e apoio local da Prefeitura de Curitiba e Fundação Cultural de Curitiba. A mostra de cinema tem por objetivo promover o debate e uma reflexão quanto à diversidade e ao respeito aos direitos humanos. A mostra de 2012 teve 255 filmes inscritos, dos quais 37 foram selecionados para serem exibidos em 27 capitais do país. Os filmes são exibidos na Cinemateca de Curitiba fica na Rua Carlos Cavalcanti, 1174, e tem capacidade para 104 lugares. Confira a programação completa da mostra no site www.cinedireitoshumanos.org.br.

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