Tornar possível a compreensão de um filme por deficientes auditivos e visuais. Esse é o objetivo da Midiace (Associação Mídia Acessível), instituição sem fins lucrativos dedicada à legendagem e audiodescrição de produções para pessoas com esses tipos de necessidades especiais. A associação atendeu aproximadamente 600 pessoas desde a sua criação, em agosto do ano passado. O primeiro filme a receber os recursos do projeto foi o drama nacional Signo da Cidade, dirigido pelo também ator Carlos Alberto Riccelli, em junho de 2008. O trabalho de legendagem e audiodescrição foi feito por Rodrigo Campos, presidente da associação, Cíntia Araújo, Leise Abreu e Renise Santos. "A iniciativa nasceu da vontade de se colocar em prática os conhecimentos adquiridos no curso de tradução da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), mas, sobretudo, de tornar a magia do cinema acessível ao público de deficientes visuais e auditivos", declarou Campos em entrevista ao Cinema em Cena. O trabalho feito no longa pôde ser conferido em diversas capitais, como Belo Horizonte, Salvador e São Paulo, além de várias cidades do interior. Motivado com a boa recepção do projeto, a iniciativa está sendo desenvolvida em Salvador, Fortaleza e BH, onde está a sua sede. Campos ainda completa que "por se tratar da primeira associação brasileira de audiodescritores (certificados pelas universidades) e contar com associados de várias regiões, podemos dizer que já contamos com representantes na maioria dos estados brasileiros". Para se fazer a legendagem e roteiro da audiodescrição, é necessário o domínio de português, software para marcação de tempo e percepção audiovisual, em cinema, TV e teatro. Segundo o presidente da associação, também é preciso ter a compreensão de "o que" e "como" audiodescrever e sintaxe-chave. "Para quem deseja uma certificação acadêmica, os cursos de legendagem e audiodescrição são oferecidos nas UFMG, UFBA e UECE", informa Campos. A associação também está desenvolvendo a "Campanha Nacional pela Audiodescrição", que tem como objetivo a implementação do recurso em todo Brasil. Para isso, serão exibidos vídeos com artistas como Reynaldo Gianecchini, Cazé e Marcos Frota, nos cinemas e redes de televisão do país. Também faz parte da iniciativa um vídeo, gravado em outubro, com a atriz Lucélia Santos sobre a importância da audiodescrição e legendagem para os surdos, lançado no 1º Encontro Nacional de Audiodescritores, em São Paulo. O vídeo explicativo rodado pela atriz foi patrocinado pela AeC, empresa de gerenciamento de projetos, outsourcing, consultoria, contact center e treinamento. Quando começou a desenvolver a campanha, a Midiace enfrentou problemas para arcar com os gastos das gravações, por se tratar ser uma associação sem fins lucrativos. Assim, a AeC arcou com os custos, tornando o projeto viável. Os funcionários com deficiência auditiva e visual da empresa também têm a oportunidade de participar de sessões com esse recurso. Além da campanha, a associação já fez a audiodescrição de quatro filmes estrangeiros para a Rede Globo. “Esses longas serão exibidos em cadeia nacional assim que a audiodescrição for implantada na TV”, declarou Campos.